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Nomadland (filme)
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Nomadland

Avaliação:
9/10

9/10

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Crítica | Ficha técnica

Contando com roteiro e direção de Chloé Zhao, uma cineasta chinesa, Nomadland traz um olhar distinto sobre o sonho americano.

Esse olhar distinto explora o ponto de vista de Fern, uma mulher viúva que vive sem residência fixa. Ela se muda sempre, morando em sua van e trabalhando em subempregos temporários. A opção por esse modo de vida alternativo surge após sua descrença no meio tradicional. Afinal, ela vivia confortavelmente com o seu marido, que trabalhava numa mineradora chamada U.S. Grypsum, em Empire, Nevada. Porém, a fábrica foi desativada em 2011. Para piorar, até a cidade de Empire deixou de existir e seu marido faleceu. Ou seja, tudo que ela tinha desapareceu: marido, casa, dinheiro. O filme acompanha os anos seguintes a essa perda.

A escolha pela vida nômade

Então, ela embarca nessa vida nômade, enfrentando as mais difíceis condições. Em troca, consegue a liberdade de fazer o que bem entende. De fato, para ela é uma escolha, pois sua irmã a convida para morar com ela, mas ela não aceita porque não aguenta ser questionada quanto a suas opções. Por outro lado, a alternativa itinerante permite que ela conheça várias pessoas, que fizeram a mesma escolha, e que não a questionam.

Nomadland apresenta vários desses personagens secundários. E evidencia uma relação aberta e sem julgamento, numa comunhão coletiva materializada em um encontro de nômades no meio do deserto. O retrato parece ser muito autêntico, e, nos créditos finais, constatamos isso ao vermos que a maioria dos personagens usam o mesmo primeiro nome dos atores. Na verdade, com exceção de Frances McDormand (Fern) e David Strathairn (Dave), os demais eram nômades mesmo e moradores locais.

A solidão do deserto

Apesar de ter escolhido essa vida, Fern se sente solitária, principalmente pela ausência do falecido marido. Nesse sentido, a paisagem se torna essencial para ilustrar esse sentimento. A vastidão do deserto ecoa a solidão da protagonista, acentuada pela trilha sonora minimalista e melodiosa de Ludovico Einaudi. Aliás, o deserto se torna especialmente poético ao ser filmado durante a hora mágica – o crepúsculo do dia, que no hemisfério norte possui uma coloração fortemente melancólica.

Por outro lado, Nomadland não possui um arco dramático tradicional. Ou seja, não há um grande clímax final. Na verdade, o filme segue o conceito de círculo sem fim da conversa de Fern com Bob Wells, o guru dos nômades. O papo gira em torno do reencontro com os entes queridos que eles perderam. Porém, também se aplica à conclusão do filme, que revela a intenção de Fern de continuar sua vida nômade. Por isso, a vemos saindo da casa de Dave e retornando ao trabalho temporário na Amazon.

No geral, o tom do filme não é de tristeza. Afinal, vemos uma pessoa muito forte, fazendo suas próprias escolhas e se adaptando às dificuldades que surgem com esse novo cenário. Em cima de uma subliminar crítica ao sistema capitalista, Nomadland ilustra a adaptação a uma nova vida, seguindo a sua voz interior e não as críticas de terceiros.

Por fim, Nomadland já ganhou prêmios no Golden Globes (longa dramático e diretor), em Veneza (entre eles, o Leão de Ouro), e vários outros. Adicionalmente, concorre a seis Oscars, nas categorias: filme, direção, atriz, roteiro adaptado, edição e fotografia. Uma admirável conquista para uma cineasta ainda em seu terceiro longa-metragem.


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