O terror Noturno é uma produção da Blumhouse (especialista no gênero) feita para a televisão. Embora seja o longa de estreia da roteirista e diretora Zu Quirke, seu elenco conta com Sydney Sweeney, nome quente da lista de novas musas do horror.
Sweeney interpreta Juliet, irmã gêmea de Vivian, papel de outra atriz, Madison Iseman, de Medo da Chuva (Fear of Rain, 2021). É uma decisão sábia colocar atrizes diferentes interpretando gêmeas, pois foge do padrão de escalar uma atriz em papel duplo e ainda se aproxima mais da realidade, já que a maioria dos gêmeos não são idênticos.
As duas são pianistas talentosas, mas Vivian se sobressai por sua personalidade expansiva. Consegue, assim, tocar os solos nas apresentações na escola, e conquista a desejada vaga na prestigiada Julliard em Nova York. O enredo leva a extremos a puxada carreira dos artistas, constantemente disputando uma vaga com colegas igualmente talentosos. Nesse contexto, Juliet fica tomada por um ciúme doentio, colocando o filme muito próximo de um terror psicológico. Como em Cisne Negro (Black Swan, 2010), de Darren Aronofsky, o horror fantástico pode ser interpretado como fruto de alucinações.
O sobrenatural em Noturno acompanha o que Juliet acredita, ou seja, que ela segue os mesmos passos da aluna prodígio que acabou de se suicidar. Isso porque Juliet encontrou o caderno dela, que traz cifras de música e ilustrações medonhas, que ela interpreta como um passo a passo de um pacto com o demônio. Em troca de conseguir o sucesso da irmã, ela vende a sua alma.
O pacto faustiano
A trama mostra Juliet conquistando o lugar de destaque de Vivian, que até chega a correr risco de morrer. Uma forte luz amarela representa a busca obstinada da protagonista. Enquanto isso, na trilha musical, um coro de vozes femininas estridentes coloca um grau de estranheza nas situações. Mas a diretora Zu Quirke economiza nos recursos para construir o terror que o filme necessita. Sydnet Sweeney parece bem assustada diante dos eventos (tem até o clichê da cena do vômito de nervoso), porém, talvez funcionasse melhor se a personagem demonstrasse também que aprecia o que está conquistando. Essa incerteza de suas intenções enfraquece a história.
Somente um momento provoca algum terror no espectador. E surge no recurso do jump scare, quando Juliet vê, ou imagina ver, o rosto da estudante suicida no espelho, com parte da cabeça estourada. Fora isso, o filme soa morno demais.
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Ficha técnica:
Noturno | Nocturne | 2020 | 90 min. | EUA | Direção: Zu Quirke | Roteiro: Zu Quirke | Elenco: Sydney Sweeney, Madison Iseman, Jacques Colimon, Ivan Shaw, Julie Benz, Rodney To, JoNell Kennedy.