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O Agente da UNCLE (filme)
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O Agente da UNCLE

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

“O Agente da UNCLE” insere a modernidade do diretor Guy Ritchie no famoso seriado norte-americano veiculado na TV entre 1964 e 1968.

Quem assistiu a “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes”, “Snatch: Porcos e Diamantes”, “Rock’n’Rolla: A Grande Roubada” ou “Sherlock Holmes” conhece o estilo frenético de Guy Ritchie. Aqui, a perseguição de carros no início do filme, que serve para apresentar os personagens principais, demonstra claramente essa característica. É uma sequência eletrizante, perfeitamente sincronizada, como se fosse uma dança. Ritchie não abusa dos cortes excessivamente curtos como fazem outros diretores menos talentosos. Ele prefere utilizar alguns cortes de detalhes com planos um pouco mais longos, empregando zoom in e zoom out, e diferentes posições de câmera. Alterna, ainda, o ritmo da cena, ousando até interromper a ação para inserir uma explanação sobre Napoleon Solo (Henry Cavill).

O começo

Os espectadores mais jovens que não conhecem o seriado original não precisam se preocupar porque o longa-metragem parte do começo da estória, quando o americano Napoleon Solo conhece o russo Illya Kuryakin (Armie Hammer), na Berlin Oriental dos anos 1960. Na perseguição citada acima, esses dois agentes deixam claro que são os melhores de seus respectivos países. Então, Napoleon cumpre sua missão de levar Gaby (Alicia Vikander) para o lado ocidental, apesar de Illya tentar impedir. Os EUA querem que a moça convença seu pai, cientista que trabalha forçadamente para os alemães na construção de um míssil nuclear, a evitar que a arma seja produzida.

E, não só as cenas de ação merecem destaque em “O Agente da UNCLE”. Por exemplo, os diálogos sagazes chegam a lembrar as comédias slapstick dos anos 1930/40. A conversa é sagaz e rápida, tornando os personagens inteligentes e sofisticados. O filme exala charme, e permite ainda momentos cômicos hilariantes. De fato, quando Gaby dança no hotel, tentando quebrar o gelo de Illya, ao som suingado da época, é difícil conter as risadas. Da mesma forma, muito engraçada também é a sequência em que Napoleon calmamente bebe um vinho ouvindo música italiana romântica, enquanto Illya é atacado por inimigos e acaba afundando na água. Depois, o agente americano finalmente parte para o resgate de seu colega, mas com muita, muita tranquilidade.

Recursos visuais

Guy Ritchie aprecia recursos visuais. Nesse sentido, podem ser simples variações no tamanho da fonte das legendas nas traduções das falas dos personagens estrangeiros. Mas, ganham ainda mais atenção quando significam dividir a tela em vários espaços, como numa história em quadrinhos. Esse split screen é empregado duas vezes, e o seu segundo uso é espetacular, retratando o ataque à ilha dos inimigos através de múltiplos pontos de vista.

Contudo, nem tudo funciona em “O Agente da UNCLE”. O filme repentinamente se torna sombrio, deixa de lado todo o seu charme, quando Napoleon é submetido a uma tortura do inimigo. Até cenas de seu cruel trabalho nos tempos nazista surgem na tela. Ritchie aprecia inserir violência em seus filmes, mas pesou a mão demais para esse caso específico. Por isso, no final dessa sequência, precisou colocar uma cena cômica para compensar o desvio de rota.

O elenco

Apesar de Henry Cavill, o ator que vive o Superman recente do cinema, desde 2013, e Armie Hammer, de “O Cavaleiro Solitário”, estarem perfeitos em seus personagens em “O Agente da UNCLE”, Alicia Vikander não caiu bem como Gaby. Apesar de ser uma ótima atriz, premiada com o Oscar de coadjuvante por “A Garota Dinamarquesa”, ela não tem o físico que o personagem exige, porque Gaby é uma femme fatale, e sua Gaby não consegue transmitir  sedução de uma vamp.

Ainda assim, e apesar do final um pouco abaixo do que se esperaria para a expectativa que o filme cria, “O Agente da UNCLE” traz saudosas memórias. Aliás, não só do seriado original com Robert Vaugh e David McCallum, como também das deliciosas aventuras cômicas dos agentes Derek Flint, vivido no cinema por James Coburn, e Matt Helm, que foi interpretado por Dean Martin, todos inesquecíveis em seus respectivos filmes.


Ficha técnica:

O Agente da UNCLE (The Man From U.N.C.L.E., 2017) EUA/Reino Unido, 116 min. Dir: Guy Ritchie. Rot: Guy Ritchie & Lionel Wigram. Elenco: Henry Cavill, Armie Hammer, Alicia Vikander, Elizabeth Debicki, Luca Calvani, Sylvestre Groth, Hugh Grant, Jared Harris, Christian Berkel, Misha Kuznetsov, Marianna Di Martino, David Beckham, Joana Metrass.

Assista: entrevista de Guy Ritchie sobre “O Agente da UNCLE”

Onde assistir:
O Agente da UNCLE (filme)
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