O Assassino: O Primeiro Alvo (American Assassin) se baseia num dos quinze livros escritos por Vince Flynn sobre um agente da CIA chamado Mitch Rapp. Claramente, essa produção requintada tem a intenção de lançar uma nova franquia nos moldes de Jason Bourne, Jack Reacher, ou Missão Impossível. Mas o resultado não empolga, principalmente porque não temos aqui um protagonista com carisma à altura de Matt Damon ou Tom Cruise.
A trama apresenta a origem de Mitch Rapp, interpretado por Dylan O’Brien. O ator, que contava com 25 anos na época das filmagens, se encaixou melhor nas aventuras juvenis Amor e Monstros (Love and Monsters, 2020) e Maze Runner (2014/2015/2018). Em O Assassino: O Primeiro Alvo, a pegada visceral de seu personagem não funciona com sua interpretação. Seu Mitch Rapp soa mais petulante do que obcecado, como o vingador que deveria aparentar. Como o prólogo mostra, um ataque terrorista numa praia em Ibiza levou sua noiva à morte. Por isso, ele se prepara, física e mentalmente, para a retaliação, quando a CIA descobre e o recruta.
Então, ele entra num programa de treinamento liderado por um veterano SEAL da marinha americana, Stan Hurley. O ótimo Michael Keaton faz esse personagem, injetando mais credibilidade nessa produção. Logo, Rapp e Hurley embarcam na primeira missão: resgatar o plutônio que os russos roubaram e que terroristas tomaram para produzir uma bomba nuclear.
A trama envolve ingredientes típicos de filmes de espionagem. Ou seja, o protagonista Mitch Rapp não sabe em quem pode confiar. Há uma revelação surpresa, mas que os fãs deste gênero já viram antes, até mesmo em uma das produções citadas lá no primeiro parágrafo deste texto.
Cenas de ação
Acima de tudo, O Assassino: O Primeiro Alvo aposta nas suas cenas de ação. O personagem principal Mitch Rapp adquiriu habilidades extraordinárias de combate, principalmente após o treinamento de Stan Hurley, que é ainda superior. Portanto, vemos os dois em lutas, fugas, perseguições etc. mostrando que são mesmo ases quase imbatíveis. No entanto, o diretor Michael Cuesta não consegue aproveitar esses momentos para empolgar o espectador. Até mesmo o climático duelo entre Mitch e seu par adversário fica devendo em termos de coreografia, e só se salvam porque a cena se passa dentro de uma lancha em alta velocidade.
Por outro lado, o capricho fica evidente nos efeitos especiais e visuais das consequências da mega explosão que acontece dentro das águas do mar. As ondas enormes que ameaçam as frotas navais militares americanas são dignas dos melhores filmes-catástrofes hollywoodianos. Além disso, o orçamento permite locações em vários países diferentes, como pede esse gênero de filme.
Contudo, dificilmente O Assassino: O Primeiro Alvo emplacará como uma franquia de sucesso. Pelo menos, não com Dylan O’Brien no papel principal. Basta lembrar de 007 – A Serviço Secreto de Sua Majestade (On Her Majesty’s Secret Service, 1969), que era um ótimo filme, mas tinha George Lazenby como James Bond.
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Ficha técnica:
O Assassino: O Primeiro Alvo | American Assassin | 2017 | Estados Unidos | 1h51 | Direção: Michael Cuesta | Roteiro: Stephen Schiff, Michael Finch, Edward Zwick, Marshall Herskovitz. | Elenco: Dylan O’Brien, Michael Keaton, Sanaa Lathan, Taylor Kitsch, Shiva Negar, Charlotte Vega, David Suchet, Joseph Long, Mohammad Bakri, Navid Negahban.
Distribuição: Paris Filmes.