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O Chamado do Mal (filme)
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O Chamado do Mal

Avaliação:
5/10

5/10

Crítica | Ficha técnica

O Chamado do Mal sofre as maldições de um roteiro mal escrito.

O casal Lisa e Adam Pierce se muda para uma cidade pequena porque o marido aceitou uma proposta de emprego como professor de matemática na universidade local. As generosas condições oferecidas caem bem na nova situação financeira deles, já que a esposa está grávida. Mas, depois de abrir uma misteriosa caixa presenteada por sua irmã, Lisa começa a ver assombrações e perde o bebê. Quando as aparições começam a ameaçar a vida deles, o coordenador da universidade que é especialista em parapsicologia, Dr. Clarke, tenta ajuda-los.

O roteiro do mal

O diretor Michael Winnick sofre para resolver as falhas do fraco roteiro que ele mesmo escreveu. Apesar de este já ser seu oitavo script, Winnick tropeça nos degraus da fórmula básica da estória que ele pretende contar. Já de cara, ao apresentar os protagonistas, o diálogo força para dar as informações necessárias. Para piorar, fica ainda mais artificial quando a esposa questiona o marido por que ele não queria se mudar para essa cidade pequena. Ora, prestes a chegarem no destino, essa fala nunca aconteceria nesse momento, mas sim antes de se decidirem sobre a mudança. Depois, quando chegam à maravilhosa casa cedida pela universidade, o casal absurdamente resolve fazer sexo antes de mesmo de conhecer todos os cômodos, uma opção nada natural. Essa volúpia retornará insistentemente, antes e depois do aborto, sem que isso tenha alguma relação com a narrativa.

Adicionalmente, há outras fraquezas no roteiro. Por exemplo, quando Lisa está na sala de estar com sua irmã praticando ioga e ouve vozes e passos de uma criança vindo do piso superior, ela inexplicavelmente diz que acha que alguém está na cozinha, que fica no térreo, e ela se dirige para lá. Mais estranho ainda é que a irmã, que resolveu passar uns dias na casa para fazer companhia para Lisa que está supostamente perturbada, não a acompanha para descobrir de onde vem o barulho. Assim, Lisa vai para a cozinha e depois sobe para o quarto do bebê. Enquanto isso, a irmã permanece na sala, fazendo o quê não sabemos, só aparecendo depois que uma assombração provoca um grito de Lisa.

Bad timing

Mas incomoda também a falta de timing na cena em que, sentados na frente da casa, Lisa pergunta a Adam se ele agora acredita nela. E isso depois de ele já ter presenciado muitas aparições. Na verdade, essa pergunta só teria sentido depois da primeira vez que ele presencia o mal.

Acima de tudo, uma falha muito grave e que prejudica a narrativa é a ausência de uma cena mostrando Adam tentando abrir a caixa que recebeu de presente da cunhada. Esse objeto possui importância central na trama, pois é a origem do mal que chegará até Lisa. A cena inexistente revelaria que o marido não consegue abrir, e a deixaria de lado. Posteriormente, isso tornaria misterioso o fato de Lisa a abrir facilmente em outro momento. Do jeito que está no filme, Lisa simplesmente diz para si mesma que o presente da irmã é uma caixa que não pode ser aberta e consegue abri-la. Dessa forma, além de não tornar a cena impactante, confunde o espectador porque ele não viu ninguém tentando abrir essa caixa. De fato, uma explicação por que Lisa pôde fazer isso ganharia, dessa forma, um potencial emocional bem maior.

Se houve esse descuido na omissão de uma cena essencial, na parte final o filme peca pelo exagero. A surpresinha de fechamento teria mais impacto simplesmente mostrando a cunhada grávida com o presente. E, não a alongada cena com ela chegando e abrindo a caixa, tempo desnecessário porque o espectador já deduziu o que aconteceu.

Quase provocador

O filme flerta com o incesto, mas não se aprofunda no tema, que poderia levar a estória a um patamar mais qualificado. Como as assombrações representam a filha não nascida em várias idades, quando o pai beija a versão mulher adulta, supostamente estaria praticando o incesto. Mas isso só é comentado rapidamente em uma frase.

Por outro lado, os atores que vivem os protagonistas, Josh Stewart e a iugoslava Bojana Novakovic, entregam interpretações competentes. Contudo, há uma péssima atuação de Delroy Lindo como o coordenador Dr. Clarke, que insiste em mover a cabeça em direção a quem está falando, mesmo sendo um personagem cego. Aliás, a tatuagem do ator Josh Stewart, vale a pena apontar, deveria ter sido escondida, pois destoa do seu personagem.

Perigo crescente

Apesar de todos esses pontos negativos presentes no roteiro, O Chamado do Mal consegue entreter o público. Entre os acertos, está o quadro que se modifica conforme a maldição se fortalece, e que o diretor Michael Winnick explora para demonstrar o perigo crescendo. O filme evita o recurso dos sustos fáceis causados pela surpresa. Assim, prefere construir um clima de terror com a música que descamba para uma aparição do mal construída com uma maquiagem simples e eficiente. O melhor mesmo é a ideia do ato radical que Adam precisa praticar para livrar Lisa do mal, fora do padrão hollywoodiano.

Em O Chamado do Mal, Michael Winnick tira leite de pedra para realizar um filme que pelo menos funcione para aterrorizar o público, trabalhando sobre um roteiro bem fraco. Como ele mesmo é o autor do roteiro, faltou um pouco de autocrítica para submeter o que escreveu a um script doctor, profissional que reescreve ou conserta roteiros.


Ficha técnica:

O Chamado do Mal (Malicious, 2018) EUA. Dir/Rot: Michael Winnick. Elenco: Bojana Novakovic, Josh Stewart, Delroy Lindo, Ben VanderMey, Luke Edwards, Melissa Bolona, Yvette Yates, Jaqueline Fleming.

Imagem Filmes

Trailer de O Chamado do Mal:
Onde assistir:
O Chamado do Mal (filme)
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