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O Destino de Haffmann (filme)
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O Destino de Haffmann

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

O Destino de Haffman (Adieu Monsieur Haffmann) é uma adaptação cinematográfica da peça de Jean-Philippe Daguerre. Mas, quem assiste ao filme nem percebe essa origem teatral. Embora o centro da trama se passe basicamente em um só cenário, o diretor Fred Cavayé faz questão de filmar em outros locais, como o consultório médico, as ruas de Paris, bares e restaurantes etc. E, mesmo dentro da locação principal, uma joalheria com moradia no piso superior e um porão, Cavayé busca alternar os locais das cenas. Além disso, emprega vários cortes, e planos curtos, evitando colocar a câmera em posição de proscênio.

A trama

Uma olhada por cima na sinopse do filme pode dar a impressão de que se trata de um suspense sobre um judeu que se esconde no porão de uma habitação parisiense durante a ocupação nazista. Essa linha narrativa existe, mas é secundária. Acima de tudo, a história trata da transformação do personagem-chave François Mercier (Gilles Lellouche).

No início, François é um empregado recém-contratado da joalheria de Joseph Haffmann (Daniel Auteuil). Quando começa o recenseamento dos judeus pelos nazistas, Joseph teme pela segurança dele e de sua família. A mulher e os filhos partem para uma zona livre, mas antes ele precisa transferir a sua loja para François, que aceita com o compromisso de devolver a propriedade quando os nazistas forem embora.

Porém, o cerco dos alemães aos judeus em Paris se acirra, e Joseph não consegue mais sair, e precisa se refugiar no porão da joalheria, com François e sua esposa Blanche (Sara Giraudeau) residindo acima, nos cômodos onde ficava a família Haffman. A partir daí, começa o declínio moral de François. A ganância o leva a tratar bem os militares nazistas, seus melhores clientes. Ademais, o poder de ser agora o patrão de seu ex-chefe acarreta uma situação de semiescravidão, selada ao trancar a porta do porão.

Ao mesmo tempo, se deteriora o relacionamento de François com Blanche. Obcecado em ser pai, e pensando ser infértil, ele exige que a esposa tenha relações sexuais com Joseph para, finalmente, engravidar. As constantes festas com os nazistas, e a forma injusta com a qual o marido trata Joseph, abalam o amor de Blanche. Um estupro termina de vez com o casamento, que sobrevive apenas nas aparências. Na tela, vemos Blanche e Joseph à mesa, cada um emoldurado em uma das janelas da residência, definitivamente separados.

Para não esquecer o colaboracionismo

O Destino de Haffman reforça a ideia de que o colaboracionismo francês durante a ocupação ainda é uma ferida não cicatrizada no passado do país. François simboliza aqueles que se alinharam com os nazistas por oportunismo, ou seja, o pior entre os colaboracionistas (outros seguiram essa opção para sobreviver). Nesse sentido, o filme ainda exalta os personagens de Joseph e Blanche, que permanecem íntegros o tempo todo.  

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Ficha técnica:

O Destino de Haffmann | Adieu Monsieur Haffmann | 2021 | 1h56 | Direção: Fred Cavayé | Roteiro: Fred Cavayé, Sarah Kaminsky | Elenco: Daniel Auteuil, Gilles Lellouche, Sara Giraudeau, Nikolai Kinski, Mathilde Bisson, Anne Coesens.

Distribuição: Synapse.

Obs: o filme está na seleção do Festival Varilux de Cinema Francês 2022.

Obs.2: O título correto é O Destino de Haffman e não O Destino de Hoffman.

Onde assistir:
O Destino de Haffmann (filme)
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