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O Destino de uma Nação (filme)
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O Destino de uma Nação

Avaliação:
8/10

8/10

Crítica | Ficha técnica

O Destino de uma Nação ganhou atenção da mídia por causa da impressionante interpretação de Gary Oldman como Winston Churchill, papel que já lhe rendeu vários prêmios, dentre eles o Golden Globes e o SAG. Porém, o filme tem valor também pela direção de Joe Wright. Ele é um especialista em dramas históricos como esse. Por exemplo, Orgulho e Preconceito (2005), Desejo e Reparação (2007) e Anna Karenina (2012).

O roteiro de O Destino de uma Nação traz um recorte do mandato de Churchill como primeiro ministro do Reino Unido. Cobre desde sua posse em 10 de maio de 1940 até o famoso discurso em que declara sua decisão de enfrentar os nazistas e não se render.

A estrutura do roteiro acerta na forma como situa a história. Logo de cara, explica a decisão do parlamento em forçar a renúncia do primeiro ministro Neville Chamberlain, por sua apatia e inércia diante de um cenário de guerra. Ao apontarem Churchill para substituí-lo, muitos se opõem e o espectador logo entende o motivo na próxima cena. Nela, vemos o já idoso (66 anos) político despachando da própria cama, enquanto lhe servem o café-da-manhã em uma bandeja, que ele nem toca, preferindo tomar um copo de uísque. Esses minutos são suficientes para mostrar o quão interessante é esse personagem. Churchill dita nervosamente uma declaração para a secretária novata, atividade em que ele era mestre. Então, surge sua esposa, que percebemos ser a conselheira que lhe dá o equilíbrio necessário para suas ações.

Bastidores nada tediosos

O diretor Joe Wright, sempre que pode, foge do convencional, o que afasta o risco de se tornar tediosa a história dos bastidores da política britânica na época da Segunda Guerra Mundial. Nesse sentido, ele transmite a sensação de deslumbre de Churchill quando o nomearam primeiro ministro. Para isso, mostra-o no carro olhando pela janela e as pessoas na rua andando em câmera lenta, como se estivesse sonhando. Esse efeito retornará às telas para expressar a alegria com o triunfo da Operação Dínamo.

A direção do filme opta ainda por enquadramentos variados. Um close extremo do relógio na parede marca o tempo, a câmera se movimenta em pan transitando entre os lordes enquanto decidem sobre o novo primeiro ministro. Joe Wright aproveita o cenário para enquadrar Churchill dentro de uma porta ou de uma janela, diante da dificuldade de encontrar soluções para as situações cada vez mais críticas. Quando Chamberlain e Halifax (um dos candidatos ao posto de primeiro ministro) decidem renunciar para forçar a saída de Churchill, uma porta se fecha e ele fica atrás de uma janela bem pequena, isolado.

Outra cena inventiva é aquela da derrota das tropas britânicas em Calais. O militar no comando recebe o telegrama da decisão de Churchill em não evacuar, e depois de ler ele olha, desesperançado, para o céu. Enquanto a câmera sobe velozmente até as alturas, aviões alemães passam e jogam suas bombas, que explodem o quartel.

Dunkirk

Curiosamente, a cidade de Dunkirk novamente entra nas telas em 2017. Além do filme de Christopher Nolan que leva seu nome, O Destino de uma Nação também coloca em evidência o refúgio dos soldados ingleses na França. E, logo, a operação de resgate com embarcações civis, ideia de Churchill.

O Destino de uma Nação poderia concluir com esse triunfo. Porém, a história segue até o momento em que Churchill decide por não se render. Esse evento ganha emoção porque o convencimento do estadista vem depois de uma conversa improvisada com pessoas comuns no metrô de Londres. Ao preparar o espectador dessa forma, o discurso histórico explode nas telas como um momento inesquecível.

A atuação de Gary Oldman impressiona não apenas porque fisicamente ele se transforma em Churchill, mas principalmente pelas suas expressões, movimentos e, sobretudo, modo de falar. A incorporação do personagem não significou uma imitação, o que poderia prejudicar a transmissão de emoção. Assim, o discurso final, cuja versão original mesmo nós brasileiros conhecemos – seja por outros filmes, ou até em músicas (vide “Aces High”, da banda de heavy metal Iron Maiden) – surge na boca de Oldman diferente. Aqui, ela soa de acordo com sua interpretação, o que causa um impacto maior do a mera cópia da fala de Churchill.

Em suma, apesar do tema pesado, O Destino de uma Nação vence os momentos mais lentos pela direção astuta de Joe Wright.

Por fim, o filme concorre a seis Oscars. Além de ator, recebeu indicações para os prêmios nas categorias filme, maquiagem, fotografia, direção de arte e figurino. Contudo, faltou a nomeação para direção –  Joe Wright merecia.


 
Ficha técnica:

O Destino de uma Nação (Darkest Hour, 2017) Reino Unido, 125 min. Dir: Joe Wright. Rot: Anthony McCarten. Elenco: Gary Oldman, Kristin Scott Thomas, Ben Mendelsohn, Lily James, Ronald Pickup, Stephen Dillane, Nicholas Jones, Samuel West.

Universal Pictures

Trailer:

Assista: entrevista de Joe Wright sobre O Destino de uma Nação

Onde assistir:
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