Alternando entre o terror psicológico e o sobrenatural, o filme egípcio O Elefante Azul se perde em efeitos baratos e não consegue contar sua história.
O enredo
Quando o psiquiatra Dr. Yehia Rashed dirigia alcoolizado, provocou um acidente que matou sua esposa e sua filha. Agora, cinco anos depois, ele precisa finalmente voltar ao trabalho para não perder seu salário no hospital. Então, acaba sendo designado para a nova ala de presos com problemas mentais, a 8 Oeste, onde encontra Sherif, um antigo amigo condenado por matar a mulher. E esse eventual reencontro serve de motivo para Yehia contatar a irmã de Sherif, Lobna, por quem era apaixonado.
Yebia tenta ajudar Sherif, mas ele se comporta como se fosse outra pessoa. Logo, ao experimentar uma droga nova chamada de “elefante azul”, o médico passa a ter os mesmos sintomas de alucinações que seu paciente.
Análise do filme
O diretor do filme, Marwan Hamed, emprega uma linguagem moderna em O Elefante Azul. Por exemplo, logo na primeira cena, vemos o protagonista deitado na cama num plano invertido, no alto da tela. Adicionalmente, outros recursos similares, que indicam sua preocupação estilística, se espalham ao longo da estória. Nesse sentido, temos os ventiladores de teto em slow-motion, tomadas com a câmera no teto filmando de cima para baixo, bem como closes extremos para ilustrar o costume que o protagonista tem de analisar a linguagem corporal dos seus interlocutores etc.
Porém, essa munição acaba se esgotando e sucumbindo às longas sequências com muitos diálogos do filme. O excesso de conversa demonstra que a preocupação estilística com o visual não contribui para a narrativa. Como resultado, a estória precisa ser explicada em palavras. E, como as atuações são sofríveis, principalmente da atriz Nelly Karim, que faz a irmã de Sherif, as quase três horas de duração de O Elefante Azul parecem intermináveis.
Além disso, os vários trechos de alucinação que sofre o protagonista dão mais espaço para o diretor exercitar seu estilismo. Entram, então, montagens rápidas, efeitos zoom x dolly, e até trechos de dança. Porém, os efeitos visuais em computação gráfica empregados em vários momentos são tragicamente artificiais e tornam o filme ainda mais fraco.
O Elefante Azul expõe sua confissão de que não funcionou ao colocar uma narração na voz do protagonista. Dessa forma, apela explicando o que aconteceu aos personagens, porque os cento e setenta minutos que o espectador assistiu não foram suficientes.
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Ficha técnica:
O Elefante Azul (The Blue Elephant, 2014) Egito. 170 min. Dir: Marwan Hamed. Rot: Ahmed Mourad. Elenco: Karim Abdel Aziz, Nelly Karim, Khaled El-Sawi, Eyad Nassar, Lebleba, Sherine Reda.