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"O Exorcista - O Devoto" (filme)
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O Exorcista: O Devoto

Avaliação:
3/10

3/10

Crítica | Ficha técnica

David Gordon Green e a Blumhouse realizaram a irregular trilogia final (?) de Halloween. O primeiro e o terceiro filmes são muito bons, mas o segundo é uma lástima. E muitos dos erros desse longa mais fraco se repetem em O Exorcista: O Devoto (The Exorcist: Believer). Ou seja, desrespeito com o material original, desperdício de uma personagem importante, e a tentativa de agradar a todos seguindo o politicamente correto.

Esse último quesito anda de mãos dadas com o primeiro, em relação às religiões. O filme de 1973 de William Friedkin apresentava um duelo entre um padre católico e o demônio. À parte qualquer escolha de crença, esse embate explora um misticismo secular, que está enraizado em seus princípios moralizantes, principalmente em relação ao pecado e ao inferno. Então, é um enorme erro reunir aqui um padre, um pastor, uma mística africana, uma ex-freira, um cético e até a mãe da vítima do primeiro filme (a personagem de Ellen Burstyn que tenta um embaraçoso exorcismo sem nenhuma chance de vencer). Esse infeliz sincretismo resulta numa das batalhas de exorcismo mais enfadonhas do cinema, na qual cada um tenta à sua maneira, até descambar no clichê do “amor salva tudo”.

Possuídas em dobro

A ideia de colocar duas meninas possuídas ao invés de uma não ajuda em nada a melhorar o filme. Pelo contrário, divide a atenção e deixa tudo mais corrido, com desnecessárias brigas entre os pais. O protagonismo do filme, aliás, não é de nenhuma delas, mas de Victor Fielding (Leslie Odom Jr.), que aparece no prólogo tendo que escolher entre salvar a vida de sua mulher ou a da criança que está em seu ventre. Treze anos depois, a filha sobrevivente, Angela (Lidya Jewett) entra na mata, com a amiga Katherine (Olivia O’Neill), para fazer um ritual e tentar falar com a mãe que morreu. As duas acabam desaparecendo por três dias. E voltam esquisitas.

Até aí parece que o filme vai engrenar. Os sinais de possessão surgem gradativamente (muito mais assustadora em Katherine, que se parece com a Regan do original, do que em Angela). Mas, quando Katherine está na igreja com a família, e começa a se comportar mal, percebemos que essa nova produção tem receio de ousar. Aquela icônica cena de Regan se masturbando com um crucifixo aqui ganha uma tímida versão com um movimento debaixo do vestido testemunhado pelos irmãos mais novos que nada entendem. Katherine ainda invade o corredor da igreja mas apenas grita, frustrando o público que esperava que ela urinasse ou andasse com o corpo retorcido.

Se não bastasse a timidez, O Exorcista: O Devoto ainda se perde em sermões. Muitos sermões, vindos do representante de cada crença, até dos descrentes. Não é surpresa que a última cena chegue ao máximo do piegas com um novo discurso. Jump scares, violência gore? Nada disso está no filme, e quando surgem não funcionam por conta dos planos curtíssimos demais. Após a sua primeira hora, ao invés de assustar, dá sono.

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Ficha técnica:

O Exorcista: o Devoto | The Exorcist: Believer | 2023 | 121 min | EUA | Direção: David Gordon Green | Roteiro: Peter Sattler, David Gordon Green | Elenco: Leslie Odom Jr., Lidya Jewett, Olivia O’Neill, Ann Dowd, Jennifer Nettles, Ellen Burstyn, Norbert Leo Butz, E.J. Bonilla.

Distribuição: Universal.

Trailer aqui.

Onde assistir:
O Exorcista: O Devoto (filme)
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