Com uma linda fotografia em preto e branco, O Francês revela como era a vida sob constante vigilância do governo na União Soviética em 1957.
Em suma, a estória apresenta Pierre Durand, um jovem francês descendente de russos, que se muda temporariamente para Moscou, para estagiar na Universidade Estadual. Secretamente, no entanto, ele tem outro objetivo: encontrar o pai que nunca conheceu, um oficial do exército branco que foi preso nos anos 1930 e depois escapou das grades.
Em seguida, o jovem faz amizade com Kira Galkina, uma bailarina do Bolshoi, e com o fotógrafo Valera Uspenskiy. Com eles, Pierre conhece as atividades culturais que acontecem às escondidas, como exemplo bares que tocam jazz, música originária dos EUA.
Essencialmente, o filme O Francês possui duas chaves. Primeiro, uma que acompanha a jornada dos três jovens amigos pelo mundo das artes, traz influência da nouvelle vague, em especial de Jules & Jim de François Truffaut. Nesse sentido, a semelhança está na sucessão quase aleatória de acontecimentos, onde o espírito livre está em evidência, resistindo aqui dentro de um regime castrador. E, também, nas incursões literárias nas falas do personagem Valera.
Então, a outra chave apresenta a busca de Pierre pelo pai e envolve trechos mais densos, com muita informação histórica e um posicionamento político extremo. Coerentemente, as cenas dessa linha narrativa apresentam diálogos longos e pesados.
Eventualmente, essas duas abordagens se cruzam, pois Valera está envolvido em um jornal clandestino que publica poemas. Isso permite que na sequência final o filme ganhe um pouco de suspense, pois os protagonistas podem ser pegos pelos investigadores do Estado.
Porém, o que se destaca no filme O Francês é a crítica aberta ao regime comunista da URSS, uma perspectiva não usual no cinema russo contemporâneo.
