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O Funeral das Rosas (filme)
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O Funeral das Rosas

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

O Funeral das Rosas é um dos mais subversivos filmes da nouvelle vague japonesa. Com ele, o diretor Toshio Matsumoto estreia em longas-metragens ficcionais, formato que ele visita apenas quatro vezes em sua filmografia repleta de curtas.

Para começar, o cenário já transborda novidade. Afinal, o filme se passa na swinging Tokyo dos anos 1960, claramente influenciada pela cultura pop ocidental. Além disso, o recorte da estória destaca o universo LGBT, tendo como protagonista o transexual Eddie. O contexto inclui, ainda, a efervescência da época, com muito uso de drogas, sexo liberal, manifestações nas ruas, festas psicodélicas etc.

Máscaras

Em paralelo, a trama levanta em vários momentos o uso de máscaras, em sentido denotativo e figurativo. De cara, a alusão é óbvia por causa do protagonista trans, que usualmente se maquia para apresentar feições femininas. Mas, as máscaras estão também em outros personagens, como o politizado jovem apelidado de Guevara, portando uma barba falsa. E uma máscara surge até na parede durante uma cena, como que julgando o personagem que fala.

Aliás, impressiona como o diretor Toshio Matsumoto consegue contar essa narrativa mesmo adotando um estilo que beira a anarquia. Como vemos, ele quebra várias regras da gramática cinematográfica. Fotografado em preto e branco, o filme abre com uma cena de sexo entre Eddie e um homem mais velho, dono de um bar LGBT. Nela, é difícil distinguir os personagens, por causa do close extremo. Depois, o título do filme só surge perto dos 20 minutos de duração, e muito rapidamente.

Quebra de expectativas

Matsumoto vai muito além da câmera na mão captando nas ruas, recurso comum no cinema independente da época. Por exemplo, ele quebra totalmente as expectativas ao inserir trechos dos bastidores da própria filmagem. Até mesmo entrevistas com os atores estão no filme, falando sobre os personagens, o tema ou a estória. Ou seja, o making-of está dentro do filme, e não nos extras. Em alguns momentos, há sequências de montagens rapidíssimas com imagens quase subliminares. Em outros, o diretor acelera a velocidade da ação, e coloca música clássica na trilha, como faria depois Stanley Kubrick em Laranja Mecânica (1971).

Por outro lado, a montagem do filme traz uma narrativa fora da ordem cronológica. Assim, as sequências estão todas recortadas e misturadas, chegando até a se repetir. Aliás, O Funeral das Rosas rompe tanto com as convenções que um dos atores até aparece numa entrevista e entrega o spoiler da surpresa final.  

Então, quando o filme muda de tom e se aproxima do terror, há uma referência a Psicose (1960) que antecipa essa mudança. Assim, O Funeral das Rosas surpreende, também, com a trama, ao mergulhar nessa parte final para dentro da complexa personalidade de Eddie. Para ver, e nunca mais esquecer.  


O Funeral das Rosas (filme)
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