O Grande Circo Místico conta a saga de várias gerações de uma família circense.
Assim, a história se inicia em 1910, quando o patriarca de uma família da nobreza brasileira morre. Então, deixa uma gorda herança que permitirá a abertura do Grande Circo Místico, empreendimento que durará até os tempos atuais.
Celavi (Jesuíta Barbosa) é o apresentador dos espetáculos que servirá como fio condutor da história através desses anos todos. Justificando o título, ele nunca envelhece, e testemunha todas as (poucas) alegrias e (muitas) tragédias dessa saga. Os protagonistas, membros da família, são vítimas dos personagens periféricos que passam pelas suas vidas, tornando cada vez mais difícil manter viva a tradição circense.
O Grande Circo Místico tem direção do experiente Carlos “Cacá” Diegues, cuja filmografia inclui filmes essenciais como Xica da Silva (1976), Tieta do Agreste (1996) e Bye Bye Brasil (1980). Nesta última produção, a Caravana Rolidei também rodava o Brasil levando seu espetáculo para as pessoas.
A fantasia à la Fellini
Em O Grande Circo Místico, Cacá Diegues se aproxima dos filmes de Federico Fellini, por se afastar da realidade e preferir a fantasia. A figura fantástica de Celavi, a passagem do tempo marcada pela transição de cenários, o voo onírico das trapezistas gêmeas e os personagens acessórios incomuns, tudo isso lembra Fellini. Ademais, acrescente, também, a tragédia que marca as vidas dos protagonistas, outra característica do cineasta italiano. Mas possui uma dureza que beira o neorrealismo dos primeiros filmes dele.
No entanto, o filme não empolga, apesar de sua bela fotografia. Sua estrutura episódica, com curtos relatos de cada geração da família mambembe, atrapalha a empatia do público, diluída entre tantos personagens com pouca presença na tela. Além disso, o filme flerta com o gênero musical, mas os trechos com canções são bem cansativos. Por isso, a indicação de O Grande Circo Místico como representante indicado pelo Brasil para concorrer ao Oscar não vingou.
