“O Homem Que Fazia Chover”: O grande filme de Coppola que encolheu
“O Homem Que Fazia Chover” custou caro. Além do elenco recheado de nomes famosos, o roteiro se baseou no livro do popular escritor John Grisham. E, isso elevou bastante seu orçamento. Acima de tudo isso, ainda pesaria o fator Coppola, um diretor que não hesita em gastar além da conta para satisfazer suas ideias megalomaníacas, vide “Apocalypse Now” (1979). Boa parte do que ele gasta costuma ir para os cenários construídos em estúdio, e isso fica evidente nesse filme de 1997. O longa conseguiu boa bilheteria na época, mas hoje perdeu seu vigor.
Advogado sem OAB
Rudy Baylor (Matt Damon), um recém-formado advogado, se junta a Deck Shifflet (Danny DeVito), um graduado em Direito que nunca conseguiu passar no exame do BAR (a OAB americana). Logo, a dupla começa a caçar clientes em hospitais. Kelly Riker (Claire Danes), uma jovem que sofre agressões do marido, está nessa lista. Em paralelo, Baylor cuida ainda de uma herança de uma senhora que acaba lhe alugando a casa dos fundos. Porém, o caso que ganha mais destaque, e que será o fio condutor do filme, se refere a um rapaz que não consegue autorização da empresa de assistência médica para se tratar de leucemia. Ruby e Deck entram com uma ação, mas com poucas chances de vitória, pois os poderosos advogados da empresa possuem um esquema com o juiz. A sorte muda quando esse inescrupuloso juiz morre e é substituído por outro mais ético.
Como o cinema já provou em “Erin Brockovich: Uma Mulher de Talento” (Erin Brokovich, 2000), a edificante luta de um cidadão comum contra uma grande corporação pode comover o público. E “O Homem Que Fazia Chover” consegue isso em parte. Mas perde muito quando se desvia para os outros casos jurídicos menores. E mesmo que envolvam personagens que influenciem a vida de Baylor, uma provendo moradia e a outra o interesse amoroso.
Cenários de estúdio
Adicionalmente, a opção de filmar em estúdio também diminui o impacto do filme. De fato, ele afasta da realidade um assunto cotidiano, cuja força provem muito do quanto consegue inspirar quem assiste a agir da mesma forma que o protagonista. Afinal, observar sequências que se passam em cenários fabricados para o filme, e não em locações, equivale a dizer que esse tipo de situação (o fraco vencer o poderoso) só pode acontecer no cinema.
Por isso, a melhor cena de “O Homem Que Fazia Chover” é aquela do velório. Respira um clima sóbrio, sério, que nos remete à obra prima do diretor, “O Poderoso Chefão” (The Godfather, 1972/74/90). Mas, esse brilho dura apenas um instante, em um filme que poderia ser grandioso, mas que se apequenou porque perdeu o foco na narrativa da estória.
Ficha técnica:
O Homem Que Fazia Chover (The Rainmaker, 1997) 135 min. Dir/Rot: Francis Ford Coppola. Com Matt Damon, Danny DeVito, Claire Danes, Jon Voight, Mary Kay Place, Dean Stockwell, Teresa Wright, Virginia Madsen, Mickey Rourke, Andrew Shue, Red West, Johnny Whitworth, Wayne Emmons, Adrian Roberts, Roy Scheider, Randy Travis, Danny Glover.
Assista: entrevista com Francis Ford Coppola