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O Jantar (filme)
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O Jantar

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

“O Jantar” não é um convite, mas uma intimação aos pais e às mães a refletirem sobre o seu papel quando seus próprios filhos cometem um crime.

O professor de escola pública Paul Lohman (Steve Coogan) comparece a um jantar com seu irmão Stan Lohman (Richard Gere), um senador norte-americano prestes a saber se conseguirá a reeleição. O local do encontro é um requintado e exclusivo restaurante. Paul está acompanhado de sua esposa Claire (Laura Linney) e Stan de sua segunda mulher Katelyn (Rebecca Hall). Apesar de Paul e Stan não se darem bem, eles precisam conversar sobre um assunto seríssimo, que será gradativamente revelado aos espectadores.

A elegante estrutura do roteiro segue as partes do jantar: aperitivos, prato principal, sobremesa, digestivos. A cada etapa, o público descobre uma fração do assunto em discussão, além de explicar a personalidade de cada um. Enquanto isso, evolui também uma trama paralela envolvendo o filho de Paul e os dois de Stan, um deles adotado. Transforma-se em um exercício inteligente de quebra-cabeças que revela fatos crescentemente mais chocantes.

Esse processo leva à descoberta de que a atitude intolerante de Paul atingiu o extremo quando Claire esteve à beira da morte devido a um câncer. Seu descontrole afetou também seu relacionamento com o filho, o que explica o comportamento do garoto quando ele e o filho natural de Stan agridem e incendeiam uma mulher de rua que dormia em um caixa eletrônico. O filho adotado de Stan testemunhou o fato e ameaça denunciá-los.

Decidindo o futuro

A discussão dos pais se concentra na decisão entre esconderem o crime dos seus filhos ou revelarem a autoria para que eles sejam julgados. Stan é a favor, porque acredita que dessa forma poderá conscientizá-los da gravidade do ato deles, evitando que eles se tornem más pessoas futuramente. Já Claire é contra, pois quer proteger o filho, argumentando de forma hipócrita seu posicionamento. Por outro lado, Katelyn discorda de Stan, porque não quer que o marido perca seu cargo público e, consequentemente, sua reputação e remuneração. Por fim, Paul está tão desorientado que permanece em silêncio.

Exceto por Stan, todos priorizam a solução menos dolorosa. Porém, no final do filme, nem mesmo a motivação de Stan está isenta de interesse particular. Isso fica claro quando ele se deixa convencer por sua jovem esposa, em cena onde o posicionamento da câmera firme em Katelyn reproduz o enfraquecimento da opinião de Paul.

Os pais que protegem os filhos mesmo quando esses estão errados é um tema que foi abordado em “Deus da Carnificina” (Carnage,2011), de Roman Polanski, mas aqui o resultado é melhor. O diretor Oren Moverman acerta ao se manter no drama, que se torna cada vez mais pesado, ao invés de inserir algum tom irônico ou sarcástico. Afinal, a discussão do tema merece essa abordagem sisuda. É uma questão que parece simples para o terceiro não envolvido, mas para os pais é, no mínimo, dolorosa. Casos similares aconteceram no Brasil, inclusive com políticos em cargos importantes, tal qual no filme. Trazer à tela esse tema é fundamental, porque nem tudo é preto e branco. O cinza está presente, coerentemente, no final aberto de “O Jantar”.


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