Em “O Natal dos Coopers”, comédia e drama permeiam várias histórias paralelas que envolvem os integrantes da família Cooper na véspera de Natal, quando todos se reúnem para a ceia.
Charlotte (Diane Keaton) e Sam (John Goodman) formam o casal da família Cooper que concentra a posição de pivô para os demais personagens do clã. Juntos há 40 anos, os dois discutem muito e estão prestes a se separar. Por isso, há mais momentos dramáticos do que engraçados nas cenas que os envolvem. Esses filmes para família, aliás, parecem ser agora o foco de Diane Keaton. É o que mostra sua presença nos recentes “Um Amor de Vizinha” (And So It Goes, 2014) e “O Casamento do Ano” (The Big Wedding, 2013). Neles, atua sem precisar se esforçar muito. Já John Goodman desta vez aparece em um papel de homem comum, fugindo de sua tradição de personagens quase caricatos.
O pai de Sam é Bucky (Alan Arkin), a figura mais adorável da família, envolvido emocionalmente com a jovem Ruby (Amanda Seyfried), uma garçonete muito mais jovem que ele. Suas cenas são ternas, Arkin transparece essa bondade e Seyfried prova ser adorável, mas um pouco sem espaço no filme.
Hank (Ed Helms), filho de Charlotte e Sam, é aquele por quem o espectador deve se sensibilizar. Separado, desempregado, com dificuldades para controlar seus três filhos.
Emma (Marisa Tomei) é irmã de Charlotte. Solteirona e sem muito dinheiro, tenta roubar uma joia em uma loja de departamentos e é presa. Acaba criando uma relação de ajuda mútua com o policial Williams (Anthony Mackle). Tomei mistura drama com sua comicidade nata e cria um personagem sólido.
Altos e baixos
A história mais interessante envolve a outra irmã de Charlotte, a jovem e bela Eleanor (Olivia Wilde), e o soldado Joe (Jake Lacy). Eles se conhecem no aeroporto e uma química nasce entre eles. O “casal beleza” recebeu as melhores linhas de diálogo do roteiro, as mais engraçadas e as mais dramáticas. Assim, as mais espontâneas gargalhadas aparecem em suas cenas. O roteiro constrói com força o envolvimento crescente dos dois, levando a um final coerente, no qual ambos se modificarão.
Mas essa construção de personagens falha em outros casos. Por exemplo, não há nada no roteiro de Steven Rogers que justifique a mudança no comportamento do casal vivido por Diane Keaton e John Goodman no final do filme. Nem por quê o Hank de Ed Helms se interessa pela Ruby de Amanda Seyfried. Será que o espírito natalino por si resolve tudo? Os demais personagens, porém, são mais consistentes, e salvam o longa.
Além disso, há gracinhas sobre cachorros em exagero. Uma delas, no meio de uma discussão séria entre Charlotte e Sam, acaba estragando a cena.
Mas, pelo lado positivo, a diretora Jessie Nelson, cujo último filme, “Uma Lição de Amor” (I Am Sam), foi lançado há 14 anos, insere muitas gags visuais que trazem um pouco de nonsense a “O Natal dos Coopers” – bem divertidas. Ademais, para quebrar a monotonia, também divide a tela em múltiplas partes, uma para cada estória paralela.
Por fim, uma surpresa envolvendo quem é o narrador no filme e na vida real adiciona um ponto a mais para esta comédia dramática natalina que provavelmente não chegará aos cinemas brasileiros, devendo ir direto para DVD/Blue-ray e streaming. Nos Estados Unidos, estreia em 13 de novembro de 2015.
Ficha técnica:
O Natal dos Coopers (Love The Coopers, 2015) Dir: Jessie Nelson. Rot: Steven Rogers. Com Diane Keaton, John Goodman, Olivia Wilde, Amanda Seyfried, Marisa Tomei, Anthony Mackle, Ed Helms, Alex Borstein, Jake Lacy, June Squibb, Michelle Veintimilla, Alan Arkin, Timothée Chalamet, Jon Tenney, Dan Amboyer, Quinn McColgan, Kanani Rose Rogers, Maxwell Simkins, Sophie Guest, Kristin Slaysman, Molly Gordon, Phillip Zack, Elisabeth Evans, Krista Marie Yu, Steve Martin.
Assista: Jessie Nelson fala sobre “O Natal dos Coopers”
