O filme italiano O Ninho conduz sua trama como um drama, apesar de algumas falsas pistas que induzem a determinados subgêneros do terror. O espectador resiliente que não desistir no meio de sua projeção se surpreenderá com a conclusão inesperada.
Influências
Os primeiros planos destacam a antiga mansão onde transcorre a história de O Ninho. Essa abertura, junto com alguns trechos recorrentes de luzes que variam de intensidade sugerem uma casa mal-assombrada.
Por outro lado, o menino paralítico, impedido de sair da mansão, sob rigorosa vigilância da mãe viúva (Francesca Cavallin). Tal elemento lembra os filmes sobre infância reprimida, como O Jardim Secreto (The Secret Garden, 2020).
Já o empregado torturador, misto de médico e cientista louco, remete aos sinistros experimentos de A Ilha do Dr. Moreau (The Islando of Dr. Moreau, 1977).
Enquanto isso, os dois caipiras armados e violentos, um deles mudo por causa da dona da mansão, parecem versões dos terríveis interioranos de O Massacre da Serra Elétrica (The Texas Chain Saw Massacre, 1974), de Tobe Hopper.
O sobrenatural também tem seu espaço, na cena mais assustadora de O Ninho. Porém, se trata apenas de um pesadelo.
O belo romance e o desfecho arrebatador
Assim, todos esses conhecidos elementos do cinema de terror desnorteiam o público, que tenta adivinhar qual é o problema dessa família protagonista. No entanto, o que inusitadamente mantém o interesse é o crescente relacionamento entre o menino de dez anos que vive na mansão e a adolescente de quinze que se torna a nova criada da casa. Interpretados com espontaneidade por Justin Korovkin e Ginevra Francesconi, respectivamente, os dois engatam um bonito romance juvenil. Contudo, o roteiro não pode dar vazão a esse envolvimento porque precisa manter sua proposta de ser um filme de terror.
Felizmente, a surpresa da conclusão consegue compensar as “trapaças” que o filme apresentou antes, sempre conduzindo o espectador a expectativas falsas. Salvo alguns detalhes, como a operação maquiavélica para deixar a menina muda (e que não sabemos por que não funcionou), no geral, as peças da trama se encaixam. Por fim, mostram que a mãe, no final das contas, agia corretamente.
Em suma, apesar de provocar algum tédio na parte central, pela indefinição sobre qual rumo a história seguirá, O Ninho engaja as emoções do público com o seu casal encantador. Além disso, surpreende com o final inesperado.
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Ficha técnica:
O Ninho | Il Nido | 2019 | Itália | 107 min | Direção: Roberto De Feo | Roteiro: Roberto De Feo, Lucio Besana, Margherita Ferri | Elenco: Francesca Cavallin, Ginevra Francesconi, Justin Korovkin, Maurizio Lombardi, Elisabetta De Vito, Fabrizio Odetto, Troy James.
Distribuição: A2 Filmes.
Fotos (Loris T. Zambelli/divulgação) – veja mais em nossa conta no Instagram.