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O Pacto (filme)
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O Pacto (2023)

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

Através de um relato ficcional, O Pacto (Guy Ritchie’s The Covenant) revela o papel dos intérpretes na guerra no Afeganistão. Considerados traidores para o Taliban, eles arriscavam a vida deles e dos membros de sua família ao trabalharem para o exército americano que se instalou no país como retaliação aos atentados de 11 de setembro de 2001. No filme, ele é representado por Ahmed (Dar Salim), um afegão que teve um irmão assassinado pelo Taliban. O outro protagonista é o sargento-mestre John Kinley (Jake Gyllenhaal).

O filme começa muito tenso. John Kinley finalmente lidera seu pelotão para um esconderijo dos talibãs, após algumas tentativas frustradas. O confronto é muito bem filmado. Mostra com clareza todas as ações dos dois lados em combate, os americanos e os talibãs, estes em maior número. A emoção cresce ainda mais ao acompanhar a fuga de John e Ahmed vorazmente perseguidos pelos inimigos. O diretor Guy Ritchie, versátil mas melhor em filmes de ação e policial, usa sua experiência nesses gêneros ao estrear aqui num filme de guerra. Com isso, cria muitos momentos de suspense e cenas de combate empolgantes. Destaca-se, entre outras coisas, o belo uso do som, trabalhando a necessidade da dupla protagonista de agir em silêncio.

Perdendo o fôlego

Mas daí para frente, o filme começa a perder fôlego. A situação seguinte, com John gravemente ferido e Ahmed carregando-o por 100 km de terreno vigiado pelos talibãs, pode funcionar bem no papel, mas é difícil de levar para as telas. Guy Ritchie tenta, porém, não consegue criar a mesma tensão que mostrava até então. Demonstra os perrengues e o sacrifício de Ahmed para carregar John numa pequena carroça de mão por estradas desertas e até subindo montanhas. Para isso, alterna diversos planos curtos, de vários ângulos diferentes. Não restam dúvidas do esforço sobre-humano de Ahmed para salvar o companheiro – o problema é a falta de uma ameaça, o que deixa tudo menos tenso, principalmente em comparação ao que o filme apresentava até esse momento.

Segue-se, então, um trecho de drama. John está nos Estados Unidos e luta contra a burocracia para retribuir Ahmed. Este, como todos os outros intérpretes similares, aceitou essa arriscada função porque os Estados Unidos prometeram conceder um visto de cidadania para ele e para a sua família. É o tal pacto do título do filme. Mas o processo é demorado, e John se desespera porque sabe que o seu salvador se tornou uma das pessoas mais procuradas pelo Talibã, por conta da fuga da dupla.

Desfecho com pressa

Assim, o filme chega à sua parte final, que é a mais fantasiosa dessa história que individualiza numa ficção o arriscado empenho dos intérpretes afegãos. John contrata um mercenário para o ajudar a localizar e tirar Ahmed do Afeganistão. Mas, acaba agindo heroicamente sozinho, com o mercenário chegando como o grande salvador quando tudo parecia perdido. Essa quase impossível missão se desenrola de maneira acelerada e fácil demais, encerrando o filme com um gosto amargo de decepção.

Em suma, O Pacto começa muito impactante, de tirar o fôlego, nas duas partes iniciais – a localização e o confronto com o Talibã e a fuga dos dois protagonistas. Depois, decai muito nos últimos dois segmentos – no drama burocrático e no resgate de Ahmed. Aparentemente, o roteiro se perdeu ao se preocupar tanto em homenagear os intérpretes na guerra no Afeganistão, com uma trama fictícia (apesar de as fotos nos créditos finais darem a falsa impressão de ser baseada em eventos reais).

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Ficha técnica:

O Pacto | Guy Ritchie’s The Covenant | 2023 | Reino Unido, Espanha, EUA | 123 min | Direção: Guy Ritchie | Roteiro: Guy Ritchie, Ivan Atkinson, Marn Davies | Elenco: Jake Gyllenhaal, Dar Salim, Sean Sagar, Jason Wong, Rhys Yates, Christian Ochoa Lavernia, Bobby Schofield, Emily Beecham, Jonny Lee Miller.

Onde assistir:
O Pacto (filme)
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