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O Prisioneiro da Ilha dos Tubarões (filme)
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O Prisioneiro da Ilha dos Tubarões

Avaliação:
8/10

8/10

Crítica | Ficha técnica

O Prisioneiro da Ilha dos Tubarões revela a história de um médico injustamente acusado de envolvimento no assassinato de Abraham Lincoln. John Ford aproveita esse relato para trabalhar vários gêneros e tocar nos temas que lhe são caros.

Gêneros

A trama começa em 1865, com o assassinato premeditado de Lincoln por John Wilkes Booth, que quebra a perna durante a fuga. De acordo com esse filme, o Dr. Samuel Alexander Mudd, um médico de uma pequena cidade sulista, presta atendimento ao fugitivo, sem saber do crime. Porém, por contribuir com sua fuga, ele é preso como cúmplice do assassino.

Diferente do que faria em Audazes e Malditos (1960), John Ford retrata rapidamente o julgamento, apenas o suficiente para deixar claro que o Dr. Mudd não teve chance de se defender. Em seguida, o enredo entra no subgênero dos filmes de cárcere. Na prisão da ilha Dry Tortugas, no Golfo do México, as já duras condições do local se tornam ainda mais rigorosas para o Dr. Mudd. Logo na entrada, o Sargento Rankin, papel de John Carradine, coloca em prática seu desejo de punir com as próprias mãos o assassino do presidente. Mas, isso não significa que O Prisioneiro da Ilha dos Tubarões explicite os sofrimentos de Dr. Mudd na prisão, como se tornaria comum em filmes desse gênero a partir da segunda metade do século 20.

Logo a ação entra em cena, na corajosa tentativa de fuga do protagonista. Esse longo trecho é o mais empolgante do filme, e coloca o personagem em situações de real perigo. Por fim, acontece o dramático combate à epidemia da febre amarela dentro da prisão, numa cena que remete a Médico e Amante (1931), também de Ford.

Temas

O tema maior de O Prisioneiro da Ilha dos Tubarões é o da justiça, que John Ford sempre exaltou em seus filmes. Aqui, a questão é óbvia, pois constitui o cerne da trama. Porém, a justiça ganha um retrato cínico. Primeiro, porque denuncia que o júri foi propositalmente formado por militares dispostos a desrespeitar a Constituição para punir exemplarmente os supostos culpados. Além disso, o filme mostra que o perdão que o governo concede ao Dr. Mudd resultado do seu heroico esforço em conter a epidemia na prisão. Ou seja, ele não foi inocentado do assassinato de Lincoln.

O outro tema muito crucial para John Ford, o racismo, também se destaca em O Prisioneiro da Ilha dos Tubarões. Apesar de o protagonista ser sulista e ex-proprietário de escravos, é ele quem trata melhor os personagens negros no filme. Em especial, Buck, que foi seu escravo e agora se tornou seu amigo. Os dois se ajudam na prisão e a história se encerra com esse personagem reencontrando sua família, elevando sutilmente sua importância, algo muito raro na época em que o filme foi produzido.

“Assim como Ford, Mudd e sua família são simpatizantes dos confederados e a todo o momento essa postura sobressai, o discurso ianque se sobrepõe como predominante, opressor e intolerante. Ford introduz frases como ‘o juiz é ianque, mas honrado’.” (in: Catálogo da Mostra de Cinema A América por John Ford, 2013)

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Ficha técnica:

O Prisioneiro da Ilha dos Tubarões | The Prisoner of Shark Island | 1936 | EUA | 96 min | Direção: John Ford | Roteiro: Nunnally Johnson | Elenco: Warner Baxter, Gloria Stuart, Claude Gillingwater, Arthur Byron, O.P. Heggie, Harry Carey, Francis Ford, John McGuire, Francis McDonald, Douglas Wood, John Carradine, Ernest Whitman.

Onde assistir "O Prisioneiro da Ilha dos Tubarões":
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