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O Problema de Nascer (filme)
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O Problema de Nascer

Avaliação:
4/10

4/10

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Crítica | Ficha técnica

O Problema de Nascer mostra um futuro onde uma criança androide é ferramenta para adultos lidarem com seus traumas do passado.

A trama

A androide Elli toma a forma de uma menina pré-adolescente para aliviar a dor de um homem cuja filha da mesma idade desapareceu há dez anos. Assim os dois vivem isolados em uma casa na floresta, sem a presença da mãe. E, na memória de Elli, predomina o que o homem repete constantemente para ela, exaltando o convívio com ele, muito melhor do que com a mãe.

Depois, Elli foge e vai parar na casa de uma senhora de idade. O androide agora é transformado em um menino, da idade do irmão mais novo dela, que morreu ainda criança.

Análise do filme

O Problema de Nascer é o segundo longa-metragem da diretora austríaca Sandra Wollner. Na verdade, ele foi realizado como trabalho de graduação na Academia de Cinema de Baden-Wuerttemberg. Esse filme está na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo de 2020, dentro da Competição Novos Diretores.

A primeira parte de O Problema de Nascer prende a atenção. No início, o filme não revela que a menina é um androide, e ouvimos sua narração em primeira pessoa, enquanto a câmera caminha pela floresta até uma piscina onde ela está com o pai. Um pouco depois, quando o pai está na casa, ele percebe que a menina está boiando na piscina e a socorre. E só então é revelado que se trata de um robô.

Porém, esta ficção-científica não permite que o público se entretenha vislumbrando como será o convívio entre androides e humanos no futuro. Ao invés disso, a trama seguirá uma trilha mais sombria. Esse homem aproveita o robô, que adquiriu como substituto de sua filha desaparecida, para fins libidinosos também. O filme não mostra isso explicitamente, mas induz a essa interpretação. Aprofundando-se um pouco mais, pode-se concluir que o comportamento desse homem com o robô reflete o que ele fazia ou, pelo menos queria fazer, com sua filha.

Da mesma forma implícita, O Problema de Nascer indica que a senhora idosa também vivenciou algum episódio incestuoso. De fato, o convívio com o androide, cópia de seu irmão falecido há anos, é harmonioso até que ele a beija na boca. Após esse evento, ela tenta se livrar dele.

Arrastado e confuso

O filme possui um ritmo arrastado, prejudicado pela fotografia escura demais nas cenas noturnas. Nesse sentido, contribui para essa lentidão os planos muito longos, com a repetição das frases aprendidas pelo androide, mesmo depois que o espectador já compreendeu que se referem às memórias que ele guarda a partir do que lhe diz o seu dono. Além disso, há uma cena longa na floresta à noite onde não é possível enxergar nada.

O final é confuso, pois mistura a ordem cronológica dos fatos e vemos o androide em três situações diferentes: caminhando pela rodovia, ao lado da idosa, e destruído. Definitivamente, é difícil entender o motivo de apresentar a conclusão desta forma.

E a trama de O Problema de Nascer é interessante. Afinal, aborda o inusitado conflito libidinoso dos humanos com um androide seu, e conduz até a indagarmos se as pessoas estarão preparadas no futuro para possuir um robô humanoide. Mas o filme é cansativo e frio, incapaz de atrair a empatia do público por qualquer personagem e de provocar qualquer emoção.

Obs: tivemos acesso a esse filme na cabine para a imprensa da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.


Onde assistir:
O Problema de Nascer (filme)
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