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A Filha do Palhaço (filme)
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A Filha do Palhaço

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

A Filha do Palhaço é o novo filme de Pedro Diógenes, diretor que integrou o coletivo Alumbramento entre 2010 e 2016, e que conta com oito longas em seu currículo. Entre eles, Pajeú (2020) e Inferninho (2018, codirigido com Guto Parente). Essa bagagem significativa resulta nesse melodrama clássico, seu filme mais acessível até o momento. Ainda assim, não fica de fora o submundo dos artistas que se apresentam em casas noturnas, elemento que aqui tem a função de levantar o subtema do preconceito.

Na história, Renato (Demick Lopes) ganha a vida como humorista, se apresentando travestido de Silvanelly em nightclubs de Fortaleza. Quando jovem, casou-se com uma mulher e tiveram uma filha, Joana (Lis Sutter). Mas, se apaixonou por um rapaz e se divorciou. A esposa nunca aceitou sua opção e nunca o perdoou, o que o afastou de Joana. Agora, aos 14 anos, ela vem passar uma semana com ele. O filme retrata essa difícil reaproximação com sensibilidade, contando como cada centímetro que os separa é superado, através de uma convivência que nunca tiveram. Na primeira noite, Joana dorme numa rede. Na última, abraçada ao pai na cama dele.

A reconquista desse relacionamento que só existira quando Joana era bebê é possível porque os dois personagens estão abertos a transformações. Ela, naturalmente por ser uma adolescente, vivendo experiências novas, como a primeira frustração amorosa. Ele, por sua sensibilidade como artista. Joana fura a barreira que a mãe tentou construir com base em preconceito por Renato ser gay, além de não ter um emprego considerado respeitável pela sociedade. Dessa forma, a garota descobre o lado despojado dela, talvez herdado do pai, e que sempre foi reprimido pela mãe.

Um melodrama clássico

Os dois primeiros terços do filme desenvolvem esse envolvimento entre pai e filha com grande força dramática. Demick Lopes e Lis Sutter constroem personagens humanos que logo conquistam o público. O enredo consegue criar situações que surgem com naturalidade para permitir que aconteça a reaproximação. Assim, Joana assume as dores do pai quando ele é agredido por um cliente de um bar, e já sabemos que a relação está reparada.

No entanto, o filme cai depois da bronca que o pai dá na filha por ela ter ido à praia sozinha sem avisar. O enredo não apresenta nenhum evento forte que leve à reconciliação após essa briga. Enquanto isso, surge o personagem de Jesuíta Barbosa, tomando muito tempo de filme. Algumas de suas aparições não ajudam a mover a narrativa, e nem se encaixam muito com a história. Por exemplo, não havia a necessidade de mostrar um longo trecho da apresentação teatral dele. A função desse personagem, na verdade, é mostrar que Renato supera a sua perda e consegue iniciar um novo relacionamento. A parte final ainda guarda uma surpresa sobre o motivo de Joana visitar o pai, mas é só. Mesmo assim, é um filme emocionante, dirigido com segurança por Pedro Diógenes. Sem inventar onda e sem copiar modismos, Diógenes busca inspiração no cinema clássico, com ótimos resultados.

Por fim, fica a curiosidade de que é um filme com uma pegada pessoal. O personagem Renato é inspirado no primo do diretor, Paulo Diógenes, que se apresentava como Raimundinha.

A Filha do Palhaço teve sua primeira sessão no país na abertura do 32º Cine Ceará, que premiou Demick Lopes como melhor atuação masculina. Agora, chega à 46ª Mostra, devendo estrear no circuito comercial em 2023.

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Ficha técnica:

A Filha do Palhaço | 2022 | Brasil | 104 min | Direção: Pedro Diógenes | Roteiro: Amanda Pontes, Michelline Helena, Pedro Diógenes | Elenco: Lis Sutter, Demick Lopes, Jesuíta Barbosa, Jupyra Carvalho, Ana Luiza Rios, Valéria Vitoriano, Patrícia Dawson, Luiza Nobel, David Santos, Rafael Martins, Mateus Honori, Vic Servente, Jenniffer Joingley, Pipa, Patricia Nassi.

Distribuição: Embaúba Filmes.

Este filme está na programação da 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, que acontece entre 20 de outubro e 2 de novembro de 2022.

A Filha do Palhaço (filme)
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