O Rolo Proibido prova o quão essencial é a preservação dos filmes para um país. Afinal, esse documentário relata a história do Afeganistão a partir das películas do arquivo da Afghan Films.
E um tom dramático permeia todo esse retrato. Afinal, o Afeganistão foi palco de vários momentos políticos conturbados. Além disso, esses filmes da Afghan Films, entidade governamental, só existem hoje porque foram escondidas quando o Talibãs invadiu sua sede para queimar todo o acervo.
Esse fato, que aconteceu em 2001, abre o filme, para servir de origem para a narrativa que conta com trechos dessas produções históricas para ilustrar sua estrutura, acrescidas de algumas reconstituições. Depois, O Rolo Proibido reúne entrevistas com profissionais importantes que trabalharam nesses filmes.
Relatos dos envolvidos
Nesse sentido, diretores, técnicos e atores relatam como realizavam esses filmes de forma não industrial. Segundo relato, durante a monarquia Khan, produziam um filme a cada dois anos. Logo, a partir do golpe comunista, em 1978, com apoio do governo, a produção passou a seis filmes por ano. Adicionalmente, alguns profissionais foram enviados à União Soviética para estudar cinema.
E, mesmo com a guerra civil, os profissionais do cinema se mantiveram unidos. Alguns trabalhavam para o governo comunista, e eram recebidos em paz pelos grupos opositores contra-revolucionários.
Eventualmente, O Rolo Proibido revela que a situação interna ficou ruim quando a capital Cabul foi invadida pelo grupo jihad liderada por Massoud. Assim, a intensa e violenta luta entre as facções antigovernistas destruiu a cidade e terminou com o domínio do Talibã. E esse é o ponto da narrativa que se conecta com a abertura do documentário, acrescentando mais detalhes sobre a salvação dos filmes que do Talibã quis destruir.
Entretanto, sente-se a ausência de uma explicação sobre esse fato com a atualidade, onde impera uma busca pela reconciliação. Hoje, Mariam Ghani, a filha do presidente do Afeganistão afirma no documentário que realiza um trabalho de recuperação, digitalização e multiplicação das cópias dos filmes do arquivo da Afghan Films.
Em suma, O Rolo Perdido consegue relatar essa história de conflitos com fluidez. Graças à habilidade do seu diretor Ariel Nasr em mesclar nas doses certas o material que filmou e o riquíssimo arquivo que foi heroicamente preservado.
Ficha técnica:
O Rolo Proibido (The Forbidden Reel, 2019) Canadá, 119 min. Dir/Rot: Ariel Nasr. Com Latif Ahmadi, Siddik Barmak, Yusuf Jannesar, Yasmin Yarmal, Ibrahim Arify, Isaaq Nezami, Mahmood, Mariam Ghani.
O Rolo Proibido será exibido online na programação do festival É Tudo Verdade no dia 28/09/2020 às 18h (acesse aqui).