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Batman (filme de 2022)
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Batman | Por Sérgio Alpendre

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

A sensibilidade do século 21 pede que toda geração receba uma atualização dos referenciais mais marcantes do passado próximo. O Homem-Aranha já recebeu três atualizações num espaço de vinte anos. Tivemos ainda atualizações de Sexta-Feira 13, Conan, Superman e outros heróis ou monstros clássicos do entretenimento, todos repaginados para o gosto da juventude atual. O Homem-Morcego, mais conhecido como Batman, cuja representação mais marcante no cinema havia iniciado com Tim Burton em 1989 e se renovado com Christopher Nolan em 2005, recebe agora esta nova atualização sob a batuta de Matt Reeves, cineasta que, após impressionar meio mundo da cinefilia com o notável Cloverfield (2008) e com Deixe Ela Entrar (2010), remake de um belíssimo filme sueco, assumiu a renovação da série Planeta dos Macacos após o pontapé inicial dirigido por Rupert Wyatt.

O herói mascarado e sombrio que já foi interpretado por Adam West (nos anos 1960), Michael Keaton (com Tim Burton), Val Kilmer (em Batman Eternamente), George Clooney (em Batman e Robin), Christian Bale (nos três de Christopher Nolan) e Ben Affleck (com Zack Snyder) agora está na pele de Robert Pattinson, astro que ascendeu com a série Crepúsculo (2008-2012). Já não devia surpreender ninguém que Pattinson é um ótimo ator. Se não bastasse seu papel em Cosmópolis (David Cronenberg, 2012) ou Z: A Cidade Perdida (James Gray, 2016), arrasou como o protagonista de Bom Comportamento (Benny e Joshua Safdie, 2017), seu batismo definitivo no mundo dos atores respeitados. Como Bruce Wayne, Pattinson constrói um novo capítulo em sua carreira, um bilionário emo.

Um novo Batman

E se tudo é começado do zero, novos atores, nova situação, novas relações entre personagens que conhecemos bem, não faz o menor sentido cobrar maior fidelidade aos quadrinhos, essa moeda duvidosa dos fãs, até porque a maior fidelidade é mantida, o personagem principal sombrio e ambíguo, de acordo com a base construída por Frank Miller, além de uma Gotham City de filme noir, cheia de corrupção e dominada por gangsters.

O Batman de Reeves e Pattinson é ainda mais sombrio que o de Nolan. Tem 176 minutos, 12 a mais que O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012), e é bem mais escuro. Como um retrato de sua época de pandemia e gente da extrema direita no poder, do ódio a pobres e imigrantes e da intolerância com o diferente, o herói surge intensamente perturbado, quase um psicopata. Ele deve ajudar a pequena parcela honesta da polícia, sobretudo o amigo tenente Gordon (Jeffrey Wright) a lidar com outros psicopatas: o Pinguim (Colin Farrell irreconhecível, mais parece o De Niro), o Charada (Paul Dano), este devidamente repaginado para estes tempos de trevas, além dos mafiosos Salvatore Maroni, de quem só ouvimos falar, e Carmine Falcone (John Turturro).

Um filme anti-Marvel

Um dos maiores acertos dessa nova versão é fazer praticamente o contrário das aparições do herói na Liga da Justiça (2017) e em Batman Vs. Superman (2016), ambos de Zack Snyder. Se nos filmes de Snyder, por exigência do conglomerado de super-heróis, as ações são absurdas e dependentes demais de efeitos especiais, Batman versão 2022 carrega suas forças a partir do que há de humano em mocinhos e vilões, até o ponto em que a fronteira entre eles se confunde. Batman luta o tempo todo contra seu impulso assassino, e sai vencedor, embora chamuscado e apesar de revelações terríveis sobre sua família.

Alfred está muito mais próximo e cúmplice da família Wayne do que um mordomo poderia ser. A própria escalação de Andy Serkis, próximo de Reeves por causa de Planeta dos Macacos, para o papel faz de Alfred um personagem mais importante do que meramente uma escada para o herói. Ele detém segredos, é mais tutor e mentor do que serviçal. O Pinguim nunca teve uma representação tão humana no cinema. É um ator deformado pela maquiagem, mas jamais um monstro como na versão de Burton. O Pinguim aqui, nem chega a ser vilão, apesar de já podermos vislumbrar nele traços do que poderá vir em futuras continuações. Paul Dano parece ter nascido para interpretar o Charada desta versão de Reeves, muito mais assustador e nada colorido. O clima noir é diferente dos longas de Tim Burton, a sensação de que tudo está corrompido é frequente, e a escuridão, onipresente.

Matt Reeves consegue criar um imaginário mais adulto que o de Nolan e a milhas de distância do universo atual de super-heróis. Fez um filme anti-Marvel.

Texto escrito pelo crítico e professor de cinema Sérgio Alpendre, especialmente para o Leitura Fílmica.

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Sinopse oficial:

Quando um assassino mira a elite de Gotham com uma série de maquinações sádicas, um rastro de pistas enigmáticas leva Batman, o maior detetive do mundo, a investigar o submundo da cidade. Logo, encontra personagens como Selina Kyle, a Mulher-Gato, Oswald Cobblepot (Pinguim), Carmine Falcone e Edward Nashton (Charada). À medida que surgem evidências e as ações do criminoso apontam para uma direção mais clara, Batman precisa forjar novas relações, desmascarar o culpado e trazer justiça a Gotham City.

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Ficha técnica:

Batman | The Batman | 2022 | Estados Unidos | 175 min | Direção: Matt Reeves | Roteiro: Matt Reeves, Peter Craig | Elenco: Robert Pattinson, Zoë Kravitz, Paul Dano, Barry Keoghan, Amber Sienna, Colin Farrell, Peter Sasgaard, John Turturro, Andy Serkis, Jeffrey Wright.

Distribuição: Warner.

Gosta do Batman? Então, leia também: Batman no cinema: do melhor ao pior | Por Sérgio Alpendre

Trailer:
Onde assistir "Batman":
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