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Poster do filme "O Silêncio da Vingança"
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O Silêncio da Vingança

Avaliação:
8,5/10

8,5/10

Crítica | Ficha técnica

Alfred Hitchcock se desafiou a fazer um filme como se fosse um só plano-sequência, e o resultado é o engenhoso Festim Diabólico (Rope, 1948). John Woo propõe algo similar, ousando filmar sem recorrer a diálogos – pelo menos diálogos orais, permitindo mensagens via celular e documentos escritos. Resultou no frenético policial O Silêncio da Vingança (Silent Night).

A proposta lhe dá liberdade para brincar com o estilismo. O que poderia soar exagero num filme normal, aqui se justifica como meio para contar a narrativa. A começar pelo prólogo, que parece ser um flash forward, mas não é. Poderia ser uma comédia, porém, se trata do diretor brincando com a expectativa do espectador.

Um homem, vestido com uma ridícula blusa natalina com a estampa de uma rena, corre pelas ruas em câmera lenta, atrás de uma bexiga vermelha. Os elementos do gênero policial surgem aos poucos: o som de carros em velocidades, tiros, sangue nas roupas e nas mãos desse homem. Logo, a ação alcança o personagem, que termina essa sequência com um tiro na goela.

John Woo, em seguida, continua a confirmar seu talento para contar estórias, sem precisar recorrer às falas. O homem que corria é Brian Godlock (Joel Kinnaman). Esse trecho inicial se passa agora, e estabelece a justificativa para o filme ser mudo, pois o personagem perde sua voz por causa do tiro que leva no pescoço. Após sair do hospital, quando chega em casa, volta o flashback do instante em que ele perdeu o filho, enquanto brincava com ele no quintal da frente. O motivo: um tiro perdido vindo daqueles carros do prólogo que eram de gangues em confronto.

Do melodrama à vingança

Brian entra em um profundo abismo de desespero e tristeza com essa lembrança que estava adormecida após ser ferido. Para acentuar o impacto, a morte aconteceu na véspera do Natal. O silêncio potencializa o melodrama, que impacta com mais força do que muitos dos filmes desse gênero.

Incapaz de solidarizar a perda com a sua esposa, ele se afunda nas bebidas. Então, encontra na vingança uma válvula de escape para seu sofrimento. A esposa vai embora, e ele se prepara durante um ano para o revide. Desta vez, o clichê dos treinamentos é necessário, porque o protagonista não é nenhum ex-fuzileiro naval ou função similar que o deixasse pronto para enfrentar os perigosos bandidos. Destaca-se uma imagem da lágrima que a esposa derrama se transformando na bala do revólver para simbolizar essa mudança.

O Silêncio da Vingança sempre trabalha o contexto para justificar o formato silencioso. Na primeira luta entre Brian e um bandido, este também não pode falar, pois está amordaçado. Quando o protagonista encontra um possível aliado na invasão à sede da gangue, eles se comunicam por gestos e olhares, pois o local está repleto de inimigos e uma conversa poderia atraí-los.

A maestria de John Woo em filmar cenas de ação fica evidente em duas sequências perto do final. Primeiro, no confronto com veículos, o que inclui perseguições e tiros pelas ruas da cidade. Em seguida, a invasão ao prédio da gangue que provocou a morte do filho de Brian, onde este sobe uma escada confrontando dezenas de bandidos. Por fim, o duelo derradeiro com o líder da gangue (aquele que deu o tiro no seu pescoço), num cenário kitsch com enormes bolas douradas de Natal.

De volta ao cinema norte-americano

Como senão, o filme se rende à mania atual de inserir uma cena de vômito. No caso, para revelar que o protagonista se sente mal de nervoso porque ele não está acostumado a essa violência toda. Quem está acostumado, e se sente à vontade, é o diretor John Woo, que se mostra muito inspirado nesse filme desafiador que marca sua volta ao cinema norte-americano após O Pagamento (Paycheck, 2003).

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Ficha técnica de “O Silêncio da Vingança”:

O Silêncio da Vingança | Silent Night | 2023 | 104 min | EUA, México | Direção: John Woo | Roteiro: Robert Archer Lynn | Elenco: Joel Kinnaman, Kid Cudi, Harold Torres, Catalina Sandino Moreno, Yoko Hamamura, Valeria Santaella, Vinny O’Brien.

Distribuição: Paris Filmes.

Assista ao vídeo da crítica:

Crítica do filme “O Silêncio da Vingança”
Onde assistir:
Cena do filme "O Silêncio da Vingança"
Cena do filme "O Silêncio da Vingança"
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