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O Soldado Que Não Existiu (filme)
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O Soldado Que Não Existiu

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

Uma produção britânica sobre espiões com Colin Firth como um dos principais personagens? À primeira vista, temos a impressão de que assistiremos a um filme com complicadas tramas de espionagem como O Espião Que Sabia Demais (Tinker Tailor Soldier Spy, 2011), de Tomas Alfredson, baseado em livro de John le Carré. Mas, O Soldado Que Não Existiu (Operation Mincemeat) nos surpreende com um plano secreto muito simples. Aliás, nos surpreende ainda mais porque se trata de uma história verdadeira!

A Operation Mincemeat (tradução: operação carne moída) foi um plano sigiloso mirabolante para enganar os nazistas, em 1943. O serviço secreto britânico pegou um cadáver, vestiu-o como se fosse um oficial militar inglês e jogou-o no mar perto da Espanha com documentos falsos que indicavam que o Reino Unido invadiria a Grécia. Com isso, esperavam que os nazistas se preparassem para esse ataque, que, na verdade, aconteceria na Sicília. De fato, a ideia é tão mirabolante que muitos a atribuem a Ian Fleming, o escritor que criou James Bond e que faz uma divertida aparição (como personagem) no filme.

Os três personagens

O roteiro de Michelle Ashford, criadora da série Masters of Sex (2013-2016), habilmente evita que essa história caia na vala do corporativismo impessoal. Com base no livro de Ben Macintyre, o relato se concentra em três personagens, aqueles que realmente desenharam esse plano.

Um deles é Ewen Montagu (Colin Firth), um multifacetado protagonista que enfrenta um casamento à beira da ruína, tem um irmão comunista sob vigilância, e ainda se apaixona pela colega desta operação. Ela se chama Jean Leslie (Kelly Macdonald), uma mulher viúva responsável por humanizar esse falso soldado e que, da mesma forma, se apaixona por Ewen. Por fim, o outro cabeça do plano é Charles Cholmondeley (Matthew Macfadyen), que, ironicamente, depende do sucesso desse plano para receber o corpo de seu irmão morto na guerra. Ademais, ele também nutre esperanças de um envolvimento romântico com Jean.

Conflitos

O conflito moral dessa operação, que se apropria de um cadáver sem o consentimento da família é outro ponto que atormenta os idealizadores. Charles suporta o conflito em relação à sua recompensa (o corpo do irmão) sozinho. Mas, os três encaram a irmã do homem cujo corpo será utilizado na missão. Embora ajam em nome da pátria, num estado de guerra, nada disso importa para a familiar desse herói desconhecido.

O filme não tem cenas de ação, exceto rapidamente no final. Porém, os detalhes da operação são tão sensíveis que conseguem sustentar o suspense que garante a atenção do espectador. Mas, isso só funciona mesmo após o corpo estar no mar, quando podemos torcer para que tudo funcione como planejado. Ou seja, que todos os elos de espiões e os elementos não-controláveis (os militares alemães) se comportem de acordo com o pensado. Porém, antes disso, a história tropeça um pouco. Demora na preparação da construção desse soldado que não existe. Bem como no romance platônico entre os protagonistas e no convencimento daqueles que são contra essa artimanha.

No entanto, O Soldado Que Não Existiu se beneficia por apresentar uma narrativa descomplicada, ao contrário do que encontramos no citado O Espião Que Sabia Demais. Por isso, permite-se até alguns momentos de humor, que dão leveza a esse tema tenso. Não só esse humor, como também o tom geral do filme exala uma característica britânica que se adequa ao seu diretor. Afinal, John Madden realizou filmes como Sua Majestade, Mrs. Brown (Mrs. Brown, 1997) e Shakespeare Apaixonado (Shakespeare in Love, 1998). E, aqui, não comete o erro de depender apenas do desfecho, que muitos já conhecem. E o desenrolar da trama diverte e deixa de lado a sisudez comum a este tipo de filme.


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