O Último Jogo aproveita a rivalidade entre Brasil e Argentina para criar uma comédia sobre futebol e mulheres.
Aliás, “sobre futebol e mulheres” é o termo que uma das personagens utiliza para reclamar numa mesa de bar. Isso porque, segundo ela, os homens só falam sobre isso.
A estória de O Último Jogo acontece na fronteira do Brasil com a Argentina. Lá, existe uma forte rivalidade entre as cidades vizinhas de Belezura e Guapa. E tudo por causa do futebol.
Brasil x Argentina
Na primeira sequência, o time brasileiro perde para o argentino num jogo realizado em Guapa. Então, Belezura se prepara para a desforra marcada para o próximo domingo, dali a sete dias. Quando Expedito, um malabarista da bola, chega à cidade, todos tentam convencê-lo a jogar no domingo. A princípio, ele seria a arma secreta de Belezura.
Essa é a trama principal de O Último Jogo. É ela que movimenta as ações dos personagens, envolvendo vários esquemas para que Expedito mude seus planos de ir embora na quinta-feira, antes do grande jogo. Nesse sentido, os moradores apelam a vários tipos de mimos e até inventam uma mentira, entre as várias ideias empregadas.
O filme ainda reforça a vontade de vencer os argentinos com o fato de a fábrica que sustenta a economia de Belezura estar fechando. E, ela é uma filial da matriz que fica em Guapa. Além de aumentar a rivalidade entre as cidades, isso ainda potencializa a importância do jogo do próximo domingo. Afinal, essa será a última partida, pois a cidade brasileira corre o risco de ser abandonada após o fechamento da filial.
Com isso, a trama de O Último Jogo ganha consistência, pois existem motivos suficientes para tal comoção em relação à próxima partida de futebol. Porém, o roteiro opta por acrescentar várias subtramas ao enredo. Por exemplo, a contusão do goleiro, a preguiça do craque Califórnia, o drama das demissões etc. E essas situações secundárias acabam por tornar o ritmo do filme muito lento. De fato, a inserção da cena paralela do diagnóstico do guarda-metas diminui demais o andamento da estória.
Comédia bem produzida
Por outro lado, quando a trama engata, a comédia se torna bem divertida. E um dos pontos positivos é a inclusão do personagem secundário do locutor, uma figura quase fantasiosa com falas inspiradas. Acima de tudo, o desfecho merece elogios. É uma conclusão criativa que consegue fugir do lugar comum dos filmes de esportes. Adicionalmente, o jogo final é bem filmado e, por isso, consegue refletir a emoção desse evento tão aguardado.
De fato, a produção em geral é de primeira. O Último Jogo apresenta belas imagens, em locações e cenários que transportam a estória para esse lugar alegórico. Nesse sentido, a fotografia é bem clara e utiliza cores vivas, próprias desse gênero cômico. Mas, cabem alguns senões. Por exemplo, as imagens em time lapsenas transições do filme somente ficam bonitas quando não mostram a velocidade acelerada das folhas das árvores, e a tela preta no final do jogo não parece ser o recurso mais apropriado para esse trecho.
Ainda há outro destaque. O filme conta com um tom de sensualidade que permeia toda a sua estória. Afinal, eleconta com belos atores e atrizes envolvidos em várias situações de sedução e traição. E, elas contribuem para apimentar a estória, sem desviar da trama central. Nesse sentido, o blues da trilha sonora se encaixa perfeitamente.
Por fim, O Último Jogo é uma agravável comédia, que, de fato, traz para as telas os assuntos restritos de futebol e mulheres. Mas, em forma de emoção e sensualidade.
Saiba mais sobre o filme aqui.
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Ficha técnica:
O Último Jogo (2018) Brasil. 100 min. Direção: Roberto Studart. Roteiro: Roberto Studart e Ecila Pedroso. Elenco: Pedro Lamin, Bruno Belarmino, Betty Barco, Norberto Presta, Juliana Schalch.
Distribuição: Pandora Filmes