Muitos encontram semelhanças entre o atual momento de crise política no Brasil e o seriado “House Of Cards”, com Kevin Spacey. Poderiam fazer o mesmo com este “Especialista em Crise”, que mostra como funciona o marketing político. Isso porque o filme acompanha Jane (Sandra Bullock), a marqueteira norte-americana contratada para conduzir a campanha de um ex-presidente que almeja ser novamente eleito. Mas o tom do filme é mais leve que o da série da Netflix.
Assim, “Especialista em Crise” aborda as artimanhas desse jogo político. A estratégia de Jane é vender a ideia de que o país está em crise e que por isso precisa de um presidente que tenha experiência no cargo, que seria o empregador dela, Castillo (Joaquim de Almeida). Há, ainda, uma motivação pessoal para Jane, pois o marketing do principal concorrente na eleição é Pat Candy (Billy Bob Thornton), um antigo desafeto.
A agora já cinquentona Sandra Bullock despe-se de seu glamour para interpretar uma personagem gasta pelas experiências vividas, grosseira e depressiva. Fisicamente, apresenta cabelo mal tingido, sobrancelhas escuras e roupas comuns. Em várias cenas, Jane está passando mal, seja pela altitude de La Paz, ou por problemas com álcool. Isso é o melhor que o filme tem a apresentar.
O ponto chave do filme repousa na constatação de que os candidatos políticos mentem nas campanhas para eleição. Essa obviedade surge como uma grande surpresa para um dos personagens e como um fator decisivo para a consciência da protagonista. Ou seja, muito pouco para justificar o desenrolar da sua trama fraca. Além disso, a interpretação dos atores, o roteiro e a direção não conseguem evitar que “Especialista Em Crise” seja rotulado de um falso filme político que pretende ser levado a sério.