O Último Trem Pro Natal (Last Train to Christmas) antecipa o uso exponencial de multiversos que catapultou Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo (2022). Mas, não traz o apelo tecnológico do filme dos Daniels, aqui o gatilho para as transições entre as realidades possíveis é a mudança de vagão de trem – um detalhe mais físico que remete a Dr. Who, a série longeva britânica (como esse filme).
O protagonista é Tony Towers (Michael Sheen), famoso empresário dono de uma danceteria de sucesso. Pelo menos na realidade que abre o filme, na qual ele é namorado de Sue (Nathalie Emmanuel). Porém, quando ele vai para outro vagão de trem, algo está diferente. Mais do que uma viagem no tempo, ele percebe que as situações se alteram conforme suas decisões mudam. Conforme o filme avança, mais esses multiversos radicalizam as variações. No fundo, o ponto principal da história, e o que mais atormenta Tony, é a sua relação com o seu irmão Roger Towers (Cary Elwes).
O problema do enredo é que as variações implicam também em mudanças no caráter dos personagens. Eles não têm uma identidade única, se misturam, e confundem a trama. A trama é, por si mesma, confusa, mas essa sensação parece não atrapalhar o público que amou Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo, para quem esse filme é indicado.
Já os atores devem ter se esbaldado com a oportunidade de exercitar o lado camaleônico deles. Simon Pegg, por exemplo, muda de aspecto (figurino, cabelos, e até características pessoais) cada vez que vai para outro vagão. Cabe aqui aquele chavão de que os atores parecem se divertir mais que os espectadores.
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Ficha técnica:
O Último Trem Pro Natal | Last Train to Christmas / The Age of Tony | 2021 | 110 min | Reino Unido | Direção e roteiro: Julian Kemp | Elenco: Michael Sheen, Cary Elwes, Nathalie Emmanuel, Katherine Kelly, Phyllis Logan, John Thomson, Danny Ashok, Anna Lundberg, Mia McKenna-Bruce, Sophie Simnett, Hayley Mills.
