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Objetos de Luz (filme)
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Objetos de Luz | Por Sérgio Alpendre

Avaliação:
7.5/10

7.5/10

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Crítica | Ficha técnica

Um filme sobre a luz no cinema, dirigido pela atriz Marie Carré, que idealizou o projeto, e por um dos maiores diretores de fotografia do cinema, o português Acácio de Almeida, já teria seu interesse particular. Quando esse mesmo filme apresenta, logo no início, as imagens finais do sublime Silvestre (1982), de João César Monteiro, ele já se torna algo especialmente promissor.

Há um outro momento de antologia envolvendo o cinema de João César Monteiro: quando o envelhecido Luís Miguel Cintra encara, numa projeção, sua própria imagem enquanto jovem, no final de Quem Espera por Sapatos de Defunto Morre Descalço (1970). Cintra, no filme, parece jogar o jogo do sisudo, como disse um crítico português (terá sido o João Bénard da Costa?). Cintra, observando o filme antigo, parece jogar com ele. Depois ele pergunta se o portão que aparece na cena era o da casa dele, e ouve uma resposta afirmativa. É um dos momentos que fazem valer a pena o jogo de imagens proposto pelos cineastas. Mais tarde, jogo parecido é feito com Isabel Ruth.

Acácio de Almeida e João César Monteiro desenvolveram juntos suas carreiras cinematográficas. O primeiro fotografou a maior parte dos filmes do segundo até 1986, incluindo trabalhos maravilhosos em Veredas (1978), no já mencionado Silvestre e em À Flor do Mar (1986). Falar em história do cinema português, ou em cinema moderno, é falar obrigatoriamente dessas duas figuras.

Ao cinema português

Daí que Objetos de Luz acaba sendo também uma homenagem ao cinema português, às atrizes e aos atores que o fizeram. A Maria Cabral, Isabel Ruth e Luis Miguel Cintra, entre muitos outros, sempre por meio dos filmes que Acácio iluminou, realizados por Manoel de Oliveira, Paulo Rocha, Solveig Nordlund, Rita Azevedo Gomes, Alberto Seixas Santos, Teresa Villaverde, entre muitos outros cineastas de Portugal.

É possível, de fato, contar uma história do cinema moderno português em diante só com filmes que tenham a sua assinatura como diretor de fotografia. São muitos, e não só portugueses, pois Acácio trabalhou também com Raul Ruiz, Alain Tanner, Jacques Rozier, Jean-Pierre Limosin, entre outros.

O tema não é novo. Walter Carvalho e João Jardim, entre muitos outros, já passaram por ele com resultados desiguais. Acácio e Marie inventam um personagem, o Homem da Luz, que começa a mostrar seus truques, alternando com imagens de filmes, geralmente portugueses. E é com esses truques que o filme avança, mais forte na costura das cenas escolhidas do que nos domínios do narrador.

Objetos de Luz está na 46ª Mostra, disponível gratuitamente no Sesc Digital (saiba mais). Quem preferir ver no cinema, terá mais duas sessões (programação completa aqui), mas uma delas é no domingo 30 à noite. Dia ingrato. Ou estaremos comemorando a vitória da democracia, ou lamentando a vitória do fascismo.

Texto escrito pelo crítico e professor de cinema Sérgio Alpendre, especialmente para o Leitura Fílmica.


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