Depois de ganhar o Oscar de Melhor Diretor por Traffic (2000), Steven Soderbergh resolve refilmar o clássico do Rat Pack lançado em 1960. Com o mesmo título, Onze Homens e um Segredo (Ocean’s Eleven) supera o filme de Lewis Milestone e e é um dos melhores de Soderbergh.
O elenco central esbanja charme – como deveria ser para não ficar atrás da turma de Frank Sinatra e Sammy Davis Jr.. Assim, George Clooney, Brad Pitt, Julia Roberts e Andy Garcia cumprem com sobra essa função, e ainda contam com Matt Damon, Bernie Mac, Elliott Gould, Don Cheadle e Carl Reiner dando suporte, além dos demais que completam a gangue dos onze de Ocean.
A trama
Danny Ocean (George Clooney) acaba de sair da prisão e logo procura Rusty Ryan (Brad Pitt) para propor um ousado roubo de três cassinos de Las Vegas (o Bellagio, o Mirage e o MGM Grand) simultaneamente. Sempre com um envolvente jazz (e também “A Little Less Conversation” interpretada por Elvis Presley), o filme então apresenta a busca pelos integrantes da equipe, cada um especialista em uma peça chave para o plano.
Soderbergh evita a narrativa esquemática de vários heist movies, os filmes de roubo como esse, que dividem a história entre explicar o plano e depois mostrar a execução. Em Onze Homens e um Segredo, isso acontece em certos trechos, mas em outros a execução se desenrola enquanto o esquema é detalhado. O passo a passo é minucioso e raramente as peças se encaixam tão harmoniosamente como neste filme. Além disso, vários elementos introduzidos no enredo só se mostram úteis na parte final. E, na conclusão, muitas surpresas são reservadas para chocar o espectador.
A quantidade (onze) de personagens, sem contar o adversário Terry Benedict (Andy Garcia) e sua namorada Tess (Julia Roberts), ex-mulher de Ocean, impede que todos ganhem relevância similar na trama. Poderiam ser em menor número, já que alguns membros participam pouco da execução. Porém, isso talvez significasse uma trapaça em relação à ideia de refilmagem – simplificar o enredo para facilitar a nova versão. Assim, ficou com os mesmos onze, e os elementos menos ativos (como os gêmeos) se tornaram alívios cômicos.
Ted Griffin, o roteirista, escreveu diálogos inteligentes, que se encaixam perfeitamente no carisma dos atores de primeira linha que interpretam os principais papéis. Sacadas surpreendentes, frases com duplo sentido, e algumas referências que nem todos entendem fazem parte desse repertório.
Direção planejada
Na direção, Sodebergh também realiza um excelente trabalho. Além da fluidez geral obtida com uma acertada decupagem, o diretor investe também nos enquadramentos. Por exemplo, alinhando-se com a aparência de tranquilidade total dos membros da gangue que sabem o que estão fazendo, vem a cena da implosão de um enorme hotel de Las Vegas. Na rua, todos que estavam assistindo a um discurso de Benedict e outras figuras importantes, olham para trás para ver a implosão, exceto Ocean, que continua olhando para frente, encarando Tess que também está no palco. Na mesma cena, Basher (Don Cheadle) assiste a implosão pela televisão, enquanto na janela atrás dele, vemos o hotel sendo demolido. Humor classudo, feito pelas imagens, como no cinema mudo.
Outra cena marcante traz o furgão preto usado na fuga da gangue, que entra por uma porta de uma garagem, com todo o entorno escuro. O veículo se encaixa exatamente nesse vão, e a tela toda fica escura, como que encerrando o enredo com sucesso. Esse preenchimento perfeito, planejado com precisão pelo diretor, dialoga com o plano desse assalto mirabolante. Conforme planejado, tudo dá certo para Ocean e para Soderbergh.
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Ficha técnica:
Onze Homens e um Segredo | Ocean’s Eleven | 2001 | 116 min. | EUA | Direção: Steven Soderbergh | Roteiro: Ted Griffin | Elenco: George Clooney, Brad Pitt, Julia Roberts, Matt Damon, Andy Garcia, Bernie Mac, Elliott Gould, Casey Affleck, Scott Caan, Eddie Jemison, Shaobo Qin, Carl Reiner, Lennox Lewis, Wladimir Klitschko.