Se você adora cinema e quer participar da 42ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, mas não curte cinema de arte nem cinema independente, Operação Overlord é o seu filme do festival. Coproduzido por J.J. Abrams, o longa-metragem do diretor Julius Avery é um excelente filme que justifica sua seleção pela curadoria da mostra.
Ao potencializar o thriller de um filme de guerra com a inclusão de elementos do gênero terror, Operação Overlord se torna eletrizante do primeiro ao seu 110º e último minuto. A introdução aos personagens acontece enquanto os soldados já se encontram dentro de um avião de guerra para saltarem em território francês ocupado pelos nazistas. A missão deles é explodir uma torre de transmissão alemã, assim, abrindo caminho para a invasão conhecida como Dia D.
Logo que termina a apresentação dos protagonistas, começa um fogo cruzado e os soldados saltam do avião quando este é atingido. Como poucas vezes no cinema, vivenciamos a queda de um paraquedista no meio de explosões, tiros e destroços, acompanhando a descida de Boyce (Jovan Adepo), numa sequência de tirar o fôlego.
Em solo, os sobreviventes conseguem a ajuda da moradora local Chloe (Mathilde Olivier). A moça é uma francesa não colaboracionista, que é constantemente estuprada por um sargento nazista. Boyce inadvertidamente consegue entrar na torre e base de comando dos alemães. Então, lá descobre que eles realizam experiências com cobaias humanas para encontrar a fórmula da imortalidade. Porém, enquanto não encontram a solução, acabam gerando criaturas monstruosas.
Soldados individualizados
O filme consegue individualizar cada soldado do grupo americano. Com isso, faz o espectador se importar com eles. Tanto que, quando o jornalista leva um tiro no peito, se constrói um drama que sensibiliza o público. Aliás, os protagonistas possuem seus próprios arcos de desenvolvimento que permitem que eles se tornem pessoas mais fortes e íntegras ao longo do filme.
Enfim, há muita ação, o ritmo é frenético, com uma sucessão de eventos que deixa o espectador à beira de seus assentos o tempo todo. Além dos épicos confrontos em batalha, no ar, no campo e na cidade, o filme traz também lutas individuais e até tortura nas cenas internas. Nesse sentido, algumas imagens são extremamente violentas. De fato, o citado tiro que o jornalista leva parece incrivelmente realista.
Por outro lado, o gore exagerado ajuda a construir o clima de terror. Este surge desde o suspense em relação à tia doente de Chloe até as masmorras com criaturas trancafiadas. A violência gráfica lembra Quentin Tarantino. E, talvez, o filme homenageie este diretor quando os soldados americanos observam pelas frestas do solo de madeira o assédio sexual do sargento nazista em Chloe, com a diferença que, em Bastardos Inglórios (Inglorious Basterds, 2009), os nazistas eram observados de baixo para cima.
Em suma, em seu segundo longa-metragem na carreira, o diretor australiano Julius Avery realiza um dos melhores filmes do gênero ação com terror de 2018.
Ficha técnica:
Operação Overlord (Overlord, 2018) EUA. 110 min. Dir: Julius Avery. Rot: Billy Ray, Fabian Wagner. Elenco: Jovan Adepo, Mathilde Olivier, Wyatt Russell, John Magaro, Pilou Asbaek, Iain De Caestecker, Jacob Anderson.
Assista ao trailer de Operação Overlord