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Os Arrependidos (filme)
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Os Arrependidos

Avaliação:
6/10

6/10

Crítica | Ficha técnica

O documentário Os Arrependidos lança luz sobre mais um episódio obscuro da ditadura no Brasil. Em maio de 1970, cinco guerrilheiros que estavam presos declararam publicamente que renegavam a luta armada. Então, o regime militar aproveitou para explorá-los como ferramenta de propaganda. Ou seja, o filme mostra trechos que comprovam como a imprensa oficial e a não-oficial divulgou notícias e entrevistas sobre esse “arrependimento”, termo que alguns deles repudiam. Dessa forma, esses rapazes foram usados para alertar a população sobre o “perigo” do recrutamento de jovens pelos grupos terroristas.

Um deles, em especial, se tornou uma figura tristemente emblemática. Massafumi era guerrilheiro, mas se desentendeu com o líder Carlos Lamarca, e se entregou mediante algumas garantias. Porém, precisou se esconder para que os ex-companheiros não o matassem por sua traição. Algum tempo depois, ele foi encontrado enforcado.

Depoimentos

Os realizadores de Os Arrependidos conseguiram localizar alguns desses ex-guerrilheiros, e captaram os depoimentos dos que aceitaram participar do documentário. Não foi um movimento coordenado, portanto, cada um teve seus motivos próprios para desistir da luta armada. Alguns porque, depois de presos e torturados, concluíram que nunca derrubariam a ditadura através da luta armada, outros porque não aguentavam mais os castigos físicos.

Além dos depoimentos livres, os entrevistados também leem partes dos documentos oficiais emitidos pelos militares a respeito desses episódios. Na última sequência, a esposa de um ex-guerrilheiro preso, já falecido, lê a carta que seu marido escreveu ao bispo denunciando a tortura na prisão. A conclusão é seca, assim como todo o documentário, que se abstém de julgar os envolvidos, não os taxando de traidores, nem de vítimas, nem de heróis.

Propaganda do governo

O que traz certo alívio, tanto em relação aos duros relatos como à sequência exaustiva de depoimentos, são as propagandas que o governo produzia e divulgava como anúncios comerciais nos intervalos dos programas de TV. Elas devem ser devidamente contextualizadas no tema do filme, e representam a manipulação do povo através dos meios de comunicação. Tal qual a exploração dos guerrilheiros “arrependidos”, essas peças publicitárias visavam vender a ideia do amor à pátria e de um Brasil em franco desenvolvimento.

Porém, na verdade, a imagem que mais verdadeiramente representa esse momento é o da abertura. Durante os créditos iniciais, vemos um menino tocando na gaita o hino nacional, num filme produzido na época, provavelmente integrante do material da ditadura. Então, a ingenuidade do garoto espelha a população que, também ingenuamente, vestia a camisa otimista do patriotismo, ignorando o terror por trás do regime.

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Ficha técnica:

Os Arrependidos (2021) Brasil. 74 min. Direção: Ricardo Calil, Armando Antenore.

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