Os Invisíveis apresenta a real história de quatro judeus que se esconderam em Berlin durante a Segunda Guerra Mundial e conseguiram sobreviver.
Depoimentos
O filme conta com os depoimentos dos próprios sobreviventes para narrar suas dramáticas experiências. Cioma Schönhaus, Hanni Lévy, Ruth Arndt e Eugen Friede aparecem na tela em registros feitos para o filme ou de arquivo (alguns deles já estavam mortos na época de realização de Os Invisíveis). E, esses relatos, independentes entre si, são acompanhados das respectivas encenações dos fatos que foram descritas.
Essas sequências filmadas com atores em cenários que reconstroem o período nazista da capital alemã dão fluidez a Os Invisíveis. Além disso, representam uma experiência nova para o diretor Claus Räfle, que até então só tinha dirigido três produções documentais. De fato, sua bagagem anterior se reflete na tela com depoimentos que capturam toda a forte carga emocional que cada sobrevivente possui dentro de si.
Trechos dramatizados
Contudo, os trechos dramatizados não funcionam tão bem. Como personagens, eles não conseguem envolver o espectador. Afinal, eles não são aprofundados, já surgem no meio da trama e não conhecemos suas vidas anteriores ao nazismo. E isso geraria um contraste que ajudaria a embutir maior carga emocional. Aliás, a trama reserva poucos momentos de suspense, em que o perigo de serem descobertos pudesse provocar ansiedade no público. Não porque esses personagens não tenham enfrentado esse risco, mas porque o diretor não conseguiu construir essas sequências dramatizadas. Até o trecho em que um deles é preso parece leve demais.
Por outro lado, algumas imagens reais da época ajudam a remeter ao período em que acontece a história, e são bem aproveitas na reconstituição. Nesse sentido, o diretor Claus Räfle consegue montar algumas sequências em que esses registros de arquivo coincidem com a ação dramatizada do filme. E isso funciona muito bem.
Portanto, se Os Invisíveis fosse puramente uma cinebiografia desses sobreviventes, sem os trechos dos depoimentos, seria um filme bem insosso. Na verdade, a emoção que o longa consegue extrair desses trechos reais ajuda a injetar o mínimo de carga emocional na dramatização, por se tratar de uma experiência muito forte que eles viveram. Assim, vale a pena assistir, mas espere ver algo mais próximo de um documentário com reconstituições do que é relatado.
Ficha técnica:
Os Invisíveis (Die Unsichtbaren, 2017) Alemanha. 110 min. Dir: Claus Räfle. Rot: Claus Räfle, Alejandra López. Elenco: Max Mauff, Alice Dwyer, Ruby O. Fee, Aaron Altaras, Victoria Schulz, Florian Lukas, Andreas Schmidt, Sergej Moya.
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