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Os Jovens Amantes (filme)
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Os Jovens Amantes

Avaliação:
7.5/10

7.5/10

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Crítica | Ficha técnica

O enredo de Os Jovens Amantes (Les Jeunes Amants) o distingue dos dramas românticos que costumamos encontrar. Apesar do título (explicaremos adiante), sua história de amor envolve um homem de 45 anos e uma mulher de 71. E o roteiro leva para as telas as implicâncias desse relacionamento preocupando-se em ser um retrato verdadeiro; nesse sentido, com personagens profundos, que não seguem artificialmente uma linha reta pré-determinada. Eles oscilam em seus sentimentos, como nós oscilamos, porque a vida nos coloca em encruzilhadas nas quais os caminhos não são alternativas maniqueístas. Por isso, os personagens precisam tomar a difícil decisão de pesar os prós e contras, e arriscar, pois não existem certezas.

O médico oncologista Pierre (Melvil Poupaud) reencontra Shauna (Fanny Ardant), quinze anos depois de conhecê-la brevemente no hospital, quando ela visitava a mãe do melhor amigo do doutor. E, no reencontro, descobrem que estão apaixonados. O título irônico Os Jovens Amantes se adequa ao tímido processo de aproximação dos dois, que agem receosos como jovens inseguros. Leva um tempo para serem diretos no flerte. Mas, por fim, a paixão se consuma.

Os personagens

Shauna é quem primeiro se sente incomodada com a relação. Teme não estar à altura do seu jovem amante. Porém, como apontamos acima, ela oscila. No seu caso, entre a insegurança e a tranquilidade de enxergar o envelhecimento com naturalidade. Em certo momento, ela parece encontrar essa serenidade ao ver suas amigas da mesma idade nuas em uma ducha de um clube. Mas, principalmente quando começa a sentir os efeitos do Mal de Parkinson, ela pensa ser errado destruir o casamento de Pierre por um amor sem futuro.

Por outro lado, Pierre quer viver esse amor em todo o seu potencial. Para isso, topa abdicar da sua esposa, de quem gosta muito, e com quem tem dois filhos. Então, cai em depressão quando Shauna decide romper o relacionamento.

Outro personagem igualmente complexo é Jeanne (Cécile de France), a esposa de Pierre. Quando ela descobre que o marido a traiu, ela age com surpreendente calma, e confessa que também já provou do adultério. Porém, perde o controle, em momento posterior, quando nota a idade da amante. A princípio não entendemos o motivo. Será por que a traição com uma mulher bem mais velha fere a sua autoestima? Aparentemente é isso, porque ela aceitaria que fosse com a colega mais jovem do trabalho. Mas, conforme a história avança, percebemos o que lhe causa desespero. Jeanne constata que não se trata de um caso de uma noite só, mas de amor. Portanto, ela desaba e chora porque não quer perder o marido.

Flamboyant

Neste seu quarto longa, a diretora Carine Tardieu reserva os trechos mais cinematográficos para a parte final.

Por exemplo, a cena em que o empregado de Shauna encontra as chaves do carro de Pierre no quintal da casa de verão. Ao mesmo tempo que a personagem, temos a impressão, depois de tudo que vimos durante o filme, que ela descobre que Pierre também terá problemas de memória. Talvez o mesmo Mal de Parkinson que a atormenta. E essa descoberta será crucial para encaminhar o desfecho dessa história, pois ambos viverão juntos o resto de suas vidas compartilhando o amor, mas também esse estigma. Contudo, a diretora nos contou, quando a entrevistamos (assista aqui), que os esquecimentos de Pierre indicam apenas que ele é uma pessoa perdida.

Antes da conclusão, vemos ainda uma rápida cena, filmada em plongée, de Shauna se levantando, tonta e com dificuldade, da cama. A câmera trêmula enfatiza o estado do Parkinson cada vez mais avançado. E, logo em seguida, encontramos um contre-plongée de Pierre caminhando desanimado e confuso pelo túnel do hospital, com os arcos do teto realçando sua intranquilidade. Então, contrastamos essa sensação com a próxima cena, que traz Shauna tranquilamente sentada em um banco num parque, já decidida sobre como quer passar seus últimos anos. Enfim, esses são algumas mostras do domínio da direção de Tardieu.

Os Jovens Amantes é um drama romântico singular. Não só pela situação do casal, pouco retratada no cinema, mas também pelos seus personagens verdadeiros. Por fim, vale ainda anotar que o amor incontrolável, levado às últimas consequências, com pitadas de tragédia, nos lembra os filmes de François Truffaut; ainda mais com a presença flamboyant de Fanny Ardant.   

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Ficha técnica:

Os Jovens Amantes | Les Jeunes Amants | 2021 | 1h54 | França, Bélgica | Direção: Carine Tardieu | Roteiro: Sólveig Anspach, Agnès de Sacy, Carine Tardieu | Elenco: Fanny Ardant, Melvil Poupaud, Cécile de France, Florence Loiret Caille, Sharif Andoura, Sarah Henochsberg, Martin Laurent.

Distribuição: Elite Filmes.

Obs: o filme está na seleção do Festival Varilux de Cinema Francês 2022.

Assista à entrevista com a diretora Carine Tardieu:

Onde assistir:
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