Após Copland (1997), de James Mangold, Sylvester Stallone custou a estrelar outro filme que agradasse ao público. Então, sempre esperto nos negócios, ele descobriu que precisaria se arriscar assumindo o roteiro e a direção de seus projetos. Deu certo, e Rocky Balboa (2006) e Rambo IV (2008) o colocaram de volta à evidência nas bilheterias. Mas, em Os Mercenários (The Expendables), ele não podia contar com os tais personagens mais icônicos de sua carreira. Então, para compensar, bolou uma trama que abarcaria no elenco nomes consagrados dentro do gênero do filme, a ação. Reuniu, assim, Jason Statham, Jet Li, e também alguns da velha guarda, como Dolph Lundgren e Mickey Rourke. E, como vilão, o sempre fácil de odiar Eric Roberts. De quebra, breves participações de Arnold Schwarzenegger e Bruce Willis.
O enredo faz bem em não extrapolar o que o grupo de mercenários liderado por Barney Ross (Stallone) pode fazer. A missão deles é sensata. Não se trata salvar o mundo da destruição, mas eliminar um ditador de um país latino do tamanho de uma pequena ilha. Mas tamanho não é limitação para o departamento de cenas de ação. Com o talentoso Chad Stahelsky (que viria a dirigir a quadrilogia John Wick) como coordenador de dublês, Os Mercenários está repleto de lutas e combates muito bem filmados. No clímax, até o palácio presidencial do país da missão é totalmente destruído.
De macho para macho
Há um pouco de humor proveniente da camaradagem desses mercenários. Mas, entre as provocações, não cabe tolerância para Gunner Jensen (Dolph Lundgren), que extrapola no ataque que abre o filme. Para surpresa do público, com um tiro de uma arma potente ele arranca o torso de um dos seus alvos, e ainda insiste em enforcar outro que captura. Ele é expulso do grupo, porém, nas suas ações é possível identificar o tom do filme, que é extremamente violento. Mão decepada, sangue jorrando, tortura, enfim, a violência é gráfica em Os Mercenários.
De fato, isso se alinha com a característica de ser um filme feito de “macho para macho”. Não apenas por conta da violência gráfica, mas porque praticamente todos os personagens são homens. Dentre as três mulheres do enredo, somente Sandra (Giselle Itié) tem papel de destaque, como a filha do general do país latino. Ela é quem salva a representatividade do seu gênero na trama, pois se posiciona contra as atrocidades do pai ditador. Além dela, temos Lacy (Charisma Carpenter), ex-namorada de Lee (Statham), que sofre violência doméstica do novo companheiro. E Cheyenne (Lauren Jones), uma mulher objetificada que parece que veio direto de uma produção dos anos 80.
Mais músculos que cérebro, Os Mercenários entrega altas doses de testosterona para quem precisa. Pelo menos, através de boas cenas de ação.
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Ficha técnica:
Os Mercenários | The Expendables | 2010 | 103 min | Direção: Sylvester Stallone | Roteiro: Sylvester Stallone, Dave Callaham | Elenco: Sylvester Stallone, Jason Statham, Jet Li, Dolph Lundgren, Eric Roberts, Randy Couture, Steve Austin, David Zayas, Giselle Itié, Charisma Carpenter, Gary Daniels, Terry Crews, Mickey Rourke, Arnold Schwarzenegger, Bruce Willis.