James Ivory, famoso diretor de filmes de época como Vestígios do Dia, Retorno a Howard’s End e Uma Janela Para o Amor está por trás, como produtor executivo, da adaptação da obra Os Papéis de Aspern, escrita em 1887 por Henry James. O próprio Ivory tinha intenção de adaptar ele mesmo o livro para o cinema, mas o roteiro acabou nas mãos de Hannah Bhuiya e Jean Pavans e a direção a cargo de Julien Landais, também co-roteirista.
Leia a crítica do filme aqui.
A história de Os Papéis de Aspern acontece em Veneza, para onde viaja o editor norte-americano Morton Vint, a fim de encontrar as cartas que o poeta Jeffrey Aspern escreveu a sua amante Juliana Bordereu. Escondendo suas intenções, ele tenta seduzir a sobrinha dela para conseguir esses cartas.
Produção em Veneza
A caprichada produção filmou em 2017 em Veneza, tendo como principal cenário o Palazzo Bordereau, onde Juliana esconde suas cartas. Outras locações foram o Palazzo Dona delle Rose, os jardins do Palazzo Sorranzo Capello e o Palazzo Widman, exuberante com seu mármore veneziano e candelabros de Murano. Esse ambiente foi selecionado para construir a atmosfera sinistra do livro. Essas antigas mansões venezianas visam transmitir ao público o clima misterioso da intriga da sua estória, a fim de contar o jogo perigoso entre o personagem principal, Morton Vint, Juliana Bordereau, ex-amante do poeta Jeffrey Aspern, e sua sobrinha solteirona, a Srta. Tina.
Esse ambiente sofisticado ecoa no seu elenco que transborda classe. O irlandês Jonathan Rhys Meyers, por exemplo, já viveu o rico protagonista de Match Point, de Woody Allen, e o rei Henrique VIII na série The Tudors, programa que já o havia reunido na tela com Joely Richardson, que aqui interpreta a sobrinha Tina. Mas o nome mais poderoso do elenco é o da mãe de Joely Richardson, a respeitadíssima veterana Vanessa Redgrave, uma das mais premiadas de todos os tempos, tanto no teatro como no cinema. E, sim ela já ganhou um Oscar, em 1978, pelo filme Julia.
Estreia na direção
Os Papéis de Aspern marca a estreia de Julien Landais na direção de longa-metragens. Segundo ele:
“O que me atraiu para fazer Os Papéis de Aspern é a modernidade em sua forma de contar histórias, juntamente com diálogos magistralmente criados, que nunca revelam completamente as intenções dos personagens. Isso demonstra a capacidade de Henry James de gerar suspense, sem jamais negligenciar o desenvolvimento de seus personagens.
Igualmente importante para mim é a base da história que eu queria evocar no filme: a novela é baseada nas cartas que o poeta Percy Bysshe Shelley escreveu para Claire Clairmont, filha da madrasta da ilustre Mary Shelley, que, como Juliana em Os Papéis de Aspern, protegeu-os até a morte. E Claire não era apenas amante de Shelley, mas também de Lord Byron, dando-lhe uma filha, que morreu aos seis anos, no convento onde Byron a havia colocado, contra sua vontade. E, para mim, é importante trazer à superfície as insinuações bissexuais reprimidas por Henry James, que são fundamentais para a compreensão do romance e do filme.”
– Julien Landais
O diretor acrescenta que a sequência final com Tina na gôndola “é a razão pela qual eu decidi trabalhar com Jean Pavans e basear o roteiro em sua adaptação teatral de Os Papéis de Aspern, pois desenvolveu a transformação final e a vingança de Tina muito além da novela.”
O filme foi produzido pela Summerstorm Entertainment, pela Princeps Films, produtora do diretor Julien Landais, e pela Cohen Media, que o distribuirá nos EUA. O financiamento contou com crédito fiscal italiano e belga, com apoio na comercialização da ARRI Media International.
Ficou interessado? Então, anote: no Brasil, o filme será distribuído pela A2 Filmes, com estreia prevista para 23 de maio.
Ficha técnica resumida:
OS PAPÉIS DE ASPERN (The Aspern Papers)
DIREÇÃO: Julien Landais
ELENCO: Jonathan Rhys Meyers, Vanessa Redgrave, Joely Richardson, Alice Aufray, Barbara Meier, Jon Kortajarena, Lois Robbins, Morgane Polanski, Nicolas Hau, Poppy Delevingne
PAÍS/ANO DE PRODUÇÃO: Alemanha/Reino Unido/2018
GÊNERO: Drama