Com ousadia na forma, o diretor Bruno de Oliveira estreia em longa-metragem com Os Pássaros de Massachusetts.
O filme apresenta um rigor de estilo extremo. Há uma evidente intenção de fugir do tradicional. Nos enquadramentos, a câmera nem sempre capta o rosto dos personagens, mas o seu torso, seus pés, suas mãos. Em alguns trechos, deixa fora do quadro metade do rosto, ou nem o inclui, preferindo por deixar a ação ocorrer no extracampo. Por isso, os diálogos, que são escassos, podem deixar o interlocutor fora do quadro. Afinal, o campo/contracampo clássico não tem espaço nessa produção.
Os planos são longos, e quase todos com a câmera fixa. Essa opção evidencia a falta de pressa em acompanhar sua tênue linha narrativa. Aqui, privilegia-se a intimidade dos personagens, que deve ser intuída, pois ela não está expressa nas suas falas. Apesar dessa suposta lentidão, os eventos se sucedem rapidamente.
O enredo apresenta três dias de três jovens. Sofia conhece Fernanda a caminho da festa de Bruno, e a convida a ir junto. Logo, nasce uma amizade forte de Fernanda com os dois. Com Sofia, tudo é muito fugaz, pois ela parte para os EUA para cursar o doutorado. Já com Bruno o final é aberto, pois o filme termina com Fernanda pegando uma carona para o interior, onde moram os pais dela.
Enfim, Os Pássaros de Massachusetts se destaca por esse estilo consciente e consistente na direção. Funciona como cinema experimental, porém, como filme narrativo, carece de força dramática.
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Ficha técnica:
Os Pássaros de Massachusetts | 2019 | Brasil | 89 min | Direção: Bruno de Oliveira | Elenco: Sofia Nóbrega, Fernanda Detoni, Bruno de Oliveira, Michel Legrand, Leonardo Michelon, Bruno Fonini, Vicente Detoni.
Trailer:
Foto: divulgação/ Deise Hauenstein