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Os Sapos

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

O longa-metragem Os Sapos adapta para o cinema a peça homônima de Renata Mizrahi, que já deu origem a um curta de 18 minutos lançado em 2011 com o mesmo nome e dirigido também por Clara Linhart.

O filme trata da relação abusiva que muitas mulheres sofrem e algumas a aceitam. Muitas vezes, o abuso passa desapercebido, ou é propositalmente ignorado, pelos próprios envolvidos. Então, uma pessoa de fora pode surgir e evidenciar o que está errado.

É o que faz Paula (Thalita Carauta), que, sem saber que a reunião de colegas de escola tinha sido cancelada, chega de surpresa na casa de Marcelo (Pierre Santos). O lugar foi alugado para a temporada por Luciana (Karina Ramil), que fica claramente incomodada com a presença da antiga amiga que recebe uma atenção especial de Marcelo.

Outros dois personagens entram na história. Cláudio (Paulo Hamilton) é um músico de bar que vive nas vizinhanças, e é casado com Fabiana (Verônica Reis). Numa conversa com Fabiana, Paula percebe que a relação dela com o marido é tóxica. Demasiadamente controlador, Cláudio se justifica como sendo efeito de seu grande amor por ela. Porém, Cláudio tenta beijar Paula à força – e o filme faz questão de escancarar o quanto isso pode abalar a mulher que sofre esse abuso.

Dessa forma, Paula balança o falso equilíbrio dessas duas relações. Os galanteios de Marcelo sobre a velha amiga despertam o incômodo que Luciana sente com o relacionamento aberto que o companheiro quer. Enquanto isso, Fabiana se sente decidida a abandonar de vez o marido dominador.

A direção de Clara Linhart

Alguns elementos de Os Sapos se destacam também em Domingo (2018), longa anterior que Clara Linhart codirigiu com Fellipe Barbosa. Os dois falam sobre um drama social, desta vez mais relacional do que político. Novamente, os personagens ficam restritos a um único cenário, durante um tempo curto. E, em ambos, a partida surge como solução para os problemas. Além disso, e o que é mais crítico, nos dois filmes nada muda no final. Mas, enquanto Domingo representa um título provocador (o enredo se passa num sábado), Os Sapos, caso se refira à expressão “engolir sapos”, soa bem simplório, além de ser pouco atraente comercialmente.

A direção de Clara Linhart merece elogios. Fincada no classicismo, filma praticamente tudo com a câmera fixa, quase sempre com enquadramentos que colocam na tela todos os personagens em cena. Os planos possuem a duração adequada, respeitando o tempo das falas, num filme construído em cima de diálogos, por se tratar de uma adaptação de peça teatral. Linhart evita cair nos modismos do cinema contemporâneo, principalmente a câmera trêmula, que muitos cineastas utilizam como se esse recurso fosse o suficiente para dar autenticidade à obra – e o que conseguem é deixar uma impressão de desleixo. Mas, a um modismo o filme se sujeita: a dancinha, que tem se tornado obrigatória no cinema brasileiro.  

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Ficha técnica:

Os Sapos | 2024 | 77 min. | Brasil | Direção: Clara Linhart | Roteiro: Renata Mizrahi | Elenco: Thalita Carauta, Karina Ramil, Verônica Reis, Pierre Santos, Paulo Hamilton.

Distribuição: Livres Filmes.

Estreia nos cinemas em 06 de fevereiro de 2025.

Trailer:

Onde assistir:
Thalita Carauta e Karina Ramil em "Os Sapos"
Thalita Carauta e Karina Ramil em "Os Sapos"
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