Ouija: Origem do Mal supera o filme original. Apresenta uma trama mais cativante e a direção maneirista de Mike Flanagan não se contenta com o lugar comum.
O primeiro Ouija: O Jogo dos Espíritos (2014) se passa nos dias atuais, e seus fenômenos do além surgem a partir de um tabuleiro Ouija que uma adolescente encontra no sótão de sua casa. Por sua vez, esta sua sequência revela a história desse tabuleiro amaldiçoado. O enredo, assim, volta no tempo para 1967, com os moradores que viviam na mesma casa nessa época.
Uma mãe viúva, Alice Zander (Elizabeth Reaser), trabalha como médium vidente para sustentar suas duas filhas, a adolescente Lisa (Annalise Basso) e a menina Doris (Lulu Wilson). Mas Alice é uma charlatã, como denuncia a primeira sequência do filme, na qual ela aplica um golpe com a ajuda das filhas, fingindo ver e falar com a esposa morta do cliente. Porém, os negócios vão mal, e elas podem perder a casa que ainda estão financiando.
Eis que Lisa sugere que a mãe incorpore um tabuleiro Ouija nas sessões espíritas fajutas. O que ninguém sabe é que a caçula Doris possuiu uma legítima mediunidade. Assim, através do Ouija, ela desperta os espíritos de uma mãe e uma filha que moraram naquele local. Logo, fenômenos paranormais colocam a família em perigo. Isso abre a oportunidade para o diretor Mike Flanagan criar sustos que funcionam muito bem, além de transformar Doris em uma criança possuída pelo demônio usando com eficiência as maquiagens e os efeitos visuais.
O bom maneirismo
O maneirismo na direção é empregado com bom gosto. Flanagan ousa mudar o ângulo da câmera, do horizontal para o vertical, truque válido porque está relacionado a uma narrativa sobrenatural. E, mesmo quando extrapola apenas para encantar, como fazia Alfred Hitchcock, o diretor tem êxito. Por exemplo, quando a câmera atravessa as janelas do carro, para depois filmar o Padre Tom (Henry Thomas) no icônico enquadramento nessa situação similar em O Exorcista (1973).
Ao que parece, Mike Flanagan deseja que seu Ouija: Origem do Mal soe como um filme antigo. Por isso, insere aquelas marcas circulares no canto da tela, que serviam para indicar ao projecionista no cinema quando trocar os rolos dos filmes. Além disso, chegar até a usar o efeito de soft focus nas lentes, que aqui ajuda a dar um toque irreal que combina com o tema fantástico. Outro truque, este clássico, muito empregado nesse filme é a profundidade de campo. Um belo exemplo desta é a cena em que a mãe está com uma senhora idosa na varanda e a menina Doris aparece no fundo da tela seguindo instruções de um espírito que se comunica com ela.
Enfim, se Ouija: O Jogo dos Espíritos é um competente filme de terror, sua sequência Ouija: Origem do Mal já sobe para um patamar mais elevado, e merece a classificação de bom filme.
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Ficha técnica:
Ouija: Origem do Mal | Ouija: Origin of Evil | 2016 | 99 min | EUA | Direção: Mike Flanagan | Roteiro: Mike Flanagan, Jeff Howard | Elenco: Elizabeth Reaser, Annalise Basso, Lulu Wilson, Henry Thomas, Parker Mack, Halle Charlton, Alexis G. Zall, Doug Jones, Kate Siegel, Lin Shaye.