Paixão dos Fortes recria o famoso episódio do duelo em OK Corral, envolvendo os lendários Wyatt Earp e Doc Holliday.
O enredo
A história acontece num período de poucos dias em 1882. Wyatt Earp já era um nome respeitado como xerife de Dodge City. Mas, ele dá uma pausa nessa função para levar uma manada de gado para a Califórnia junto com três irmãos seus. Perto de Tombstone, Wyatt e os mais velhos vão à cidade se divertir, enquanto o caçula fica com o gado no campo. Quando retornam, descobrem que alguém assassinou o rapaz e roubou a manada.
Então, Wyatt resolve aceitar a oferta para ocupar o cargo de xerife em Tombstone, para assim descobrir quem é o responsável por esse crime. Lá, conhece Doc Holliday, o charmoso dono da jogatina local, de caráter duvidoso.
Direção
John Ford conta com os recursos de produção de um grande estúdio, a 20th Century Fox. Isso, de cara, lhe garante três nomes famosos no elenco. São eles: Henry Fonda como Wyatt Earp, Victor Mature como Doc Holliday, e Linda Darnell como Chihuahua, a namorada mexicana deste último. Além deles, Cathy Downs faz a Clementine do título original.
Essa liberdade orçamentária permite a Ford trabalhar com vários elementos, e, assim, compor um filme com vários tons. Logo nos créditos iniciais, escritos criativamente em placas indicativas de madeira, ouvimos uma canção animada da época do Velho Oeste. Em seguida, o filme apresenta os irmãos Earp, em conversas descontraídas.
Esse tom jocoso continua na visita noturna a Tombstone. Então, quando os irmãos retornam e descobrem a tragédia que vitimou o caçula, o filme provoca um forte baque, pelo contraste do clima nessas cenas. Na tela, surgem agora sombras soturnas, heranças do cinema expressionista.
Ao longo do filme, as alternâncias entre momentos leves e sombrios continua. Aliás, essa característica reflete o personagem Doc Holliday, cujo comportamento parece sempre contraditório. Em alguns momentos, ele parece charmoso, gentil e leal. Em outros, um bêbado traiçoeiro. Dessa forma, se torna o personagem mais interessante do filme, pois é uma pessoa complexa, um médico diplomado que perde o rumo e vira um jogador com a saúde fragilizada. Já Wyatt Earp representa o oposto, um símbolo da retidão.
Clímax
Além da influência expressionista, ou em parte decorrente dela, Ford pontua o clímax do duelo no OK Corral com uma genial substituição das névoas do film noir pela nuvem de areia do deserto. Com esse recurso, ele deixa em suspense o destino do herói, após a troca de tiros.
Paixão dos Fortes, principalmente, pela sua alternância de tons, nunca cansa, mesmo que você conheça a história de Wyatt Earp e Doc Holliday, aqui modificadas por Ford. Afinal, estamos diante de um faroeste supremo.
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Ficha técnica:
Paixão dos Fortes | My Darling Clementine | 1946 | EUA | 103 min | Direção: John Ford | Roteiro: Samuel G. Engel, Winston Miller | Elenco: Henry Fonda, Linda Darnell, Victor Mature, Cathy Downs, Walter Brennan, Tim Holt, Ward Bond, Alan Mowbray, John Ireland, Roy Roberts, Jane Darwell, Grant Withers, J. Farrell MacDonald, Russell Simpson.
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