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Palavra e Utopia (filme)
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Palavra e Utopia

Avaliação:
6/10

6/10

Crítica | Ficha técnica

Palavra e Utopia apresenta o trabalho do padre português Antônio Vieira, famoso pelos seus sermões e pela sua luta solitária em defesa dos índios e negros no Brasil durante o século 17.

O eloquente pregador jesuíta sofreu punições da Santa Inquisição, principalmente após a morte do rei D. João IV, de quem era amigo. Apesar de proibido de falar pelo Tribunal do Santo Ofício, foi livrado da condenação pelo próprio Papa, movido pela boa reputação do padre. Por fim, com D. Pedro no trono, Antônio Vieira decide passar a última fase de sua vida no Brasil.

Palavras acima de imagens

Essencialmente, o filme privilegia mais as palavras do que as imagens. Ou seja, os textos escritos pelo Padre Antônio Vieira são recitados integralmente, ora somente com a narração, ora com a atuação dos atores. Aliás, o protagonista é interpretado por três atores. Na juventude, por Ricardo Trêpa, em idade madura por Luís Miguel Cintra, e, na velhice, por Lima Duarte. Nesse sentido, nos trechos narrados surgem na tela imagens do oceano, quadros ou outras, enquanto nas atuações, a câmera permanece fixa, com alguma variação de planos, enquanto o padre fala no púlpito, em reuniões, ou outros cenários.

Além disso, alguns dos acontecimentos na vida do padre são explicados através da forma escrita, em cartelas. Em suma, quanto ao visual, o destaque fica mesmo para a fotografia de Renato Berta. Nesse quesito, Palavra e Utopia transporta o espectador para o contexto das cenas, muitas delas acontecendo em antigas igrejas com paredes de pedra. Por outro lado, a sobriedade da maioria dos trechos, como a sequência do tribunal de Coimbra, contrasta com a ousadia do soft focus das primeiras cenas com a presença do ator Lima Duarte.

Acima de tudo, Palavra e Utopia é ferramenta para se apreciar o trabalho de Padre Antônio Vieira, principalmente seus sermões. Tal qual afirma o próprio diretor Manoel de Oliveira: “(…) não é um documentário, nem histórico, nem didático, mesmo seguindo uma ordem cronológica. É, antes de mais, uma ficção com todas as premissas que essa ordem pode permitir. Sem perder na precisão histórica, poderá haver um lado didático, na medida em que a ficção se afirma através da autenticidade de documentos que a orientaram, sem se afastar mais do que o rigor o consentiria.” (fonte: “Manoel de Oliveira”, Álvaro Andrade (org), Ed. Cosac Naif, 2005, página 229)


Ficha técnica:

Palavra e Utopia (2000) Espanha/Itália/França/Brasil/Portugal. 130 min. Direção e roteiro: Manoel de Oliveira. Elenco: Lima Duarte, Luís Miguel Cintra, Ricardo Trêpa, Miguel Guilherme, Leonor Silveira, Renato De Carmine, Diogo Dória, Paulo Matos.

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