Contratar um astro de primeira linha não garante o sucesso do filme, e “Pegando Fogo” é mais uma prova disso. Apesar da presença de Bradley Cooper, o filme falha devido a uma fraqueza do roteiro em um aspecto essencial: os personagens.
Adam Jones (Bradley Cooper) é um jovem chef norte-americano que viveu dez anos em Paris. Lá, ele aprendeu o métier quando trabalhou para Jean Luc, um dos melhores chefs do mundo. Por isso, foi classificado pela Michelin na categoria duas estrelas, uma enorme honraria, mas pôs tudo a perder com bebidas e drogas.
O filme começa com a narração de Adam. Ele conta sobre seu exílio de três anos nos Estados Unidos, após o qual chega a Londres para retomar sua carreira e buscar a terceira estrela Michelin. Usando sua astúcia, consegue ser o chef do restaurante de Tony, um conhecido da época em Paris. Daquela turma, reencontra também Michel (Omar Sy), cujo restaurante Adam destruiu, e seu rival Reece (Mathew Rhys), um chef três estrelas.
Romance
Adam apaixona-se por Helene (Sienna Miller), que havia contratado para sua equipe. Ele a treinou aos berros e maus tratos para buscar a perfeição. Eventualmente, surge uma oportunidade de o chef mostrar seu trabalho para críticos do guia Michelin, mas parece que Adam estragou a chance.
O roteiro consegue acertar em alguns momentos, como no diálogo entre dois personagens que tenta explicar a importância das estrelas Michelin usando personagens de Star Wars. E, também, ao sair do clichê no primeiro resultado da avaliação da Michelin. Contudo, erra em outros. Por exemplo, na insistência em alternar conversas em francês e em inglês.
Personagens
O defeito maior, entretanto, são os personagens. Adam entra no filme de forma não convincente, narrando brevemente sua estória com uma meta bizarra envolvendo ostras. Na verdade, ele é um cara odiável, trata a todos com arrogância e menosprezo, principalmente quando está em sua cozinha. A única qualidade que possui é o talento culinário. Apesar de não fazer nada de bom para ninguém, inexplicavelmente, as pessoas resolvem ajudá-lo. Contudo, isso evidencia que os personagens secundários também são fracos. A única exceção é Tony, cujos atos são justificáveis pela paixão que sente por Adam.
Bradley Cooper e Sienna Miller se esforçam, mas seus papéis definitivamente não os ajudam. Felizmente, Daniel Brühl aproveita bem seu personagem Tony, mas isso não é suficiente para que o diretor John Wells, mais conhecido por seus trabalhos para a TV, faça de “Pegando Fogo” um grande filme.
Ficha técnica:
Pegando Fogo (Burnt, 2015) 101 min. Dir: John Wells. Rot: Steve Knight. Com Bradley Cooper, Sienna Miller, Daniel Brühl, Ricardo Scamarcio, Omar Sy, Sam Keeley, Henry Goodman, Matthew Rhys, Stephen Campbell Moore, Emma Thompson, Uma Thurman, Lexie Benbow-Hart, Alicia Vikander, Lily James, Sarah Greene, Bo Bene, Elisa Lasowski, Julian Firth, Richard Rankin.
Assista: entrevista com o diretor John Wells sobre Pegando Fogo