Perdi Meu Corpo é uma animação francesa com uma perspectiva original para narrar sua história. Ou seja, longa-metragem acompanha a jornada de uma mão em busca do corpo do qual foi separada.
A mão se locomove com dificuldade atrás de seu objetivo, enfrentando ratos, pombos, pelo subterrâneo e pelos telhados de Paris. Quando o filme se concentra nela, assume o formato de um filme mudo, pois a mão, obviamente, não fala. Mas, ela tem consciência, e suas lembranças geram o flashback que conta a estória de seu dono e os acontecimentos que acarretaram nessa cisão.
A maior parte de Perdi Meu Corpo se desenrola nesse flashback, portanto o espectador não chega a se sentir agoniado na pele da solitária mão. Para não perder esse elo, quando o filme entra nessas memórias do passado, começa com o detalhe da mão, identificável por uma pinta. Acompanhamos um pouco da infância do seu dono, mas a narrativa se concentra principalmente em sua adolescência, quando ele conhece uma garota e se apaixona por ela.
O evento que acarreta a perda da mão tem um certo ar de amargura, porque é um daqueles fatos que deixam a reflexão de que, por uma besteira, acontece uma tragédia. Isso surge porque vemos a mosca escapando da mão que se arriscou, sem querer, tentando matá-la.
Porém, Perdi Meu Corpo conclui de forma positiva, numa atitude de aceitação da perda, tanto por parte da mão que perde seu corpo, como do garoto que não é correspondido em seu amor.
Perdi Meu Corpo é original quanto à perspectiva da mão, mas uma estória de romance bonitinha, mas não muito envolvente. Era um dos favoritos para o Oscar de melhor longa-metragem de animação, mas quem levou o prêmio foi Toy Story 4, uma obra mais hollywoodiana e com maior apelo emocional.
Ficha técnica:
Perdi Meu Corpo (J’ai perdu mon corps, 2019) França. 81 min. Dir: Jérémy Clapin. Rot: Jérémy Clapin, Guillaume Laurant. Vozes: Hakim Faris, Victoire Du Bois, Patrick d’Assumçao, Alfonso Arfi, Hichem Mesbah, Myriam Loucif.
