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Pedágio (filme)
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Pedágio

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

A diretora Carolina Markowicz lidou muito bem com o cinema de gênero em seu filme de estreia, Carvão (2022), no qual construiu um belo suspense hitchcockiano. Desta vez, em Pedágio, mescla o melodrama com o policial, um gênero ajudando o outro para que a narrativa ganhe força.

O melodrama fundamenta a história. Aliás, voltando uma etapa, ele nasce de um tema atual, a dificuldade de algumas pessoas entenderem os gêneros não-binários. Isso acontece com Suellen (Maeve Jinkings, novamente atuando para Markowicz), mãe solteira que não aceita que o filho adolescente Tiquinho (Kauan Alvarenga) poste vídeos encarnando divas musicais. Por causa disso, a relação entre eles começa a se deteriorar.

A cura

Surge, então, uma ideia de sua amiga Telma (Aline Marta Maia), uma evangélica que trabalha com ela no pedágio da Rodovia Imigrantes na Baixada Santista em São Paulo. A proposta é matricular Tiquinho num curso de cura gay, ministrado por um pastor do exterior em visita ao Brasil. Novamente, Carolina Markowicz lança um olhar crítico às igrejas, como fizera também em Carvão. Por isso, mostra a crente Telma como uma ninfomaníaca que chega a transar com estranhos três vezes por dia. Além disso, o elemento fogo de novo ganha destaque – no filme anterior nos fornos que tinham função essencial para a trama, e neste nas chamas das refinarias de Cubatão.

Os trechos do curso revelam o que pode rolar nessa absurda proposta de curar o que não é doença. Não dá para saber se realmente acontece assim, mas as situações beiram o ridículo com um método supostamente científico. A princípio, as palestras devem refletir a realidade, pois o filme se preocupa em ser o mais realista possível. E, nesse sentido, exagera ao começar com a protagonista acordando em sua casa pobre e fazendo xixi sentada na privada. Desnecessário escancarar dessa forma a intenção realista, pois o restante do filme – as locações, o linguajar, as dificuldades, a atuação do jovem ator – já são suficientemente autênticas.

Entre o humor e o suspense

Enfim, voltando à narrativa, Suellen precisa de dinheiro urgente para matricular o seu filho no curso. O enredo deixa bem evidente que, se essa mãe não fosse tão retrógrada, teria evitado o sufoco que passou. Além do sofrimento que causa ao filho, ela ainda se envolve nos atos criminosos do namorado, para assim levantar a grana para a cura gay. Sobre isso, é louvável que o roteiro consiga defender as causas LGBTQIA+ dessa forma engenhosa, ao invés de esfregar a bandeira no público.

A estrutura do enredo acerta ao alternar cenas que mostram o que acontece no curso do pastor com outras que contam as atividades criminais de Suellen e seu namorado. Dessa forma, quando a pegada cômica da cura gay começa a perder a graça, entra o suspense dos criminosos sempre se arriscando a serem pegos. Apesar disso, Pedágio não surpreende o público. É inferior à estreia de Carolina Markowicz, mas reforça a impressão de que surge uma cineasta autoral de talento.

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Ficha técnica:

Pedágio | 2023 | 102 min | Brasil, Portugal | Direção e roteiro: Carolina Markowicz | Elenco: Maeve Jinkings (Suelen), Kauan Alvarenga (Tiquinho), Thomás Aquino (Arauto), Aline Marta Maia (Telma), Isac Graça (Pastor Isac).

Distribuição: Paris Filmes.

Trailer aqui.

Onde assistir:
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