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Ponte dos Espiões (filme)
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Ponte dos Espiões

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

A história de “Ponte dos Espiões” não desperta muito interesse. Baseada em fatos reais, conta como um advogado que trabalha para uma companhia de seguros acaba defendendo um espião russo capturado em território americano, na época da Guerra Fria logo após a Segunda Guerra Mundial. Com essa estória, logo vem à mente um enredo girando ao redor de muita burocracia, escritórios, papelada, etc. Talvez por isso sua bilheteria de estreia na América do Norte foi de 15 milhões de dólares, muito abaixo de outra produção equivalente de 2015, “Perdido em Marte”, que arrecadou 54 milhões.

Mas dois detalhes fazem toda a diferença. Primeiro, Steven Spielberg assina a direção, e, segundo, Joel e Ethan Coen o roteiro, ao lado de Matt Charman.

Narrativa inteligente

A narrativa se mostra inteligentemente estruturada, e cobre muito além do descrito no primeiro parágrafo acima. No primeiro terço do filme, acompanhamos o quão penoso se tornou para James B. Donovan (Tom Hanks) ser o patrono de Rudolf Abel (Mark Rylance), um inimigo público nacional. A opinião passa a criticar Donovan duramente, como se fora um criminoso. Esse repúdio envolve desde passageiros do metrô olhando torto para ele, até tiros dentro de sua sala de estar.

Paralelamente, vemos um grupo de pilotos americanos sendo treinados para uma missão sobre o território soviético. Um deles, na segunda parte de “Ponte dos Espiões”, Francis Gary Powers (Austin Stowell) acaba aprisionado pelos inimigos. Surge então a nova subtrama do roteiro, a costura de uma troca de prisioneiros entre os dois países, tendo Donovan como responsável pelo lado dos EUA. Para apimentar a situação, um estudante americano, Frederic Pryor (Will Rogers), ingenuamente entra na Berlim Oriental no tenso momento de construção do seu infame muro. Por isso, o prendem como suspeito de espionagem, sendo então usado com oportunismo pela nascente Alemanha Oriental para propor a troca com o espião Rudolf Abel, conquistando assim as graças da poderosa União Soviética.

Donovan viaja até Berlim para negociar a troca de prisioneiros tanto com os soviéticos como com os alemães orientais, proporcionando a Steven Spielberg a oportunidade de registrar esses encontros carregando-os com tensão. Presenciamos o crescimento do personagem de Tom Hanks, provando ser um astuto negociador.

Ambientes nebulosos

Spielberg revela sua predileção por ambientes com fotografia nebulosa, onde feixes de luz entram pela janela, como se voltássemos para algumas das cenas de “E.T., o Extraterrestre”, que abusava desta característica. A iluminação ganha poder narrativo, e empregada de diferentes formas durante “Ponte dos Espiões”. No tribunal soviético, durante o julgamento de Powers, a luz é extremamente forte, revelando a imponência das URSS. Na reunião de Donovan com o procurador da Alemanha Oriental, as luzes enfatizam as névoas, significando as segundas intenções do agente público alemão. Até mesmo na enervante sequência decisiva na ponte, os holofotes dos soviéticos quase ofuscam os americanos. Então, no imediato momento em que finalizam a troca, as luzes se apagam abruptamente.

Outros destaques da direção merecem menção. Após o atentado na residência de Donovan, o enquadram com uma câmera que distorce as suas laterais, mostrando o quão perturbado ele está. Na Suprema Corte americana, as grandes colunas e a câmera posicionada de cima para baixo enfatizam sua imponência. O toque pessoal de Spielberg se destaca no tema e na ausência de personalidades femininas como principal protagonista. A Segunda Guerra Mundial é tema recorrente, vide “1941 – Uma Guerra Muito Louca” (1979) e “Os Caçadores da Arca Perdida” (1981). E, novamente, o protagonista é masculino.

Porém, talvez a maior assinatura do diretor se revele no final do filme. A conclusão eleva o tom sentimental, a exaltação da família e a importância do reconhecimento público.

Portanto, não se deixe levar pela sinopse de “Ponte dos Espiões”. Lembre-se que é mais uma grande obra de um dos maiores diretores em atividade.


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