Com o pretensioso título original “The Final Destination”, Premonição 4 chama para si a responsabilidade de ser o filme definitivo da franquia. Este injustificado pedantismo resulta no efeito contrário, e este é o pior dessa série de longas.
O acidente da premonição é uma escolha inusitada: uma batida de carros numa pista de corrida. A intenção dos realizadores parece ser exponenciar o evento do segundo filme, que rendeu a catástrofe mais tensa de todas. Mas, para viabilizar um grupo diversificado de sobreviventes, as vítimas não são os pilotos, e sim os espectadores na arquibancada (do setor 180, referência ao número do voo do filme original).
O protagonista que tem a premonição é Nick (Bobby Campo), fenômeno que ele confirma exaustivamente nos detalhes que de fato acontecem como na sua visão. Nick salva sua namorada Lori (Shantel VanSanten) e o casal de amigos seus, Janet (Haley Webb) e Hunt (Nick Zano). E, seguindo o protocolo da franquia, outros personagens sobrevivem, alguns adoráveis e outros detestáveis.
Todos os sobreviventes sofrem a perseguição da própria morte, que não aceita ser enganada. O primeiro acidente fatal que ela provoca só poderia ser do personagem mais odioso, o racista. Mas, o que acontece com ele parece pouco criativo – e, no caso desse ser deplorável, o sadismo que marca a franquia merecia ser mais incisivo.
Quebra de cânones
O filme erra ao apresentar uma longa sequência de pistas que são falsas, para depois criar um efeito surpresa na verdadeira morte. É o que acontece quando uma sobrevivente vai ao cabeleireiro. A ameaça enganosa também aparece nas cenas paralelas do casal de amigos (ambos antipáticos). O namorado corre o risco de ser sugado pelo dreno da piscina enquanto a moça pode morrer dentro do carro em um lava-rápidos automático – duas situações bem improváveis até para esse gênero fantástico. O legal dessas cenas paralelas é acompanhar qual dos dois vai morrer.
A parte final tenta inovar em relação aos cânones da franquia. Uma nova tragédia aparece numa premonição, desta vez da personagem Lori. É outra situação de grandes proporções: a explosão e consequente incêndio de um shopping center. Mas, a situação soa forçada. Logo depois da morte do namorado, uma das personagens vai com Lori ao shopping se divertir, inclusive no cinema, ignorando completamente o luto. Aliás, outra quebra de regras envolve a morte de um sobrevivente que não estava no grupo inicial porque ninguém notou que ele escapara com vida.
No entanto, esses problemas de Premonição 4 não são assim tão mais graves do que outros que estão nos filmes anteriores (ou posteriores). O grande defeito desta sequência se encontra no uso excessivo de coisas arremessadas em direção à tela. Tal recurso visa aproveitar os efeitos em 3D, mas o uso exagerado acaba desgastando o seu impacto. Sem contar que alguns desses trechos resultam de computação gráfica malfeita, se assemelhando a sequências animadas.
É curioso que um padrão se repete. O diretor James Won não conseguiu repetir o bom resultado que obteve no primeiro filme ao rodar Premonição 3. E, da mesma forma, David R. Ellis não alcança aqui o mesmo nível de seu Premonição 2.
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Ficha técnica:
Premonição 4 | The Final Destination | 2009 | 82 min. | EUA | Direção: David R. Ellis | Roteiro: Eric Bress | Elenco: Bobby Campo, Shantel VanSanten, Haley Webb, Jackson Walker, Nick Zano, Mykelti Williamson, Krista Allen, Andrew Fiscella, Justin Welborn, Stephanie Honoré, Lara Grice.
