Pyewacket: Entidade Maligna é uma produção B de terror proveniente do Canadá, o segundo filme dirigido pelo ator Adam MacDonald.
A adolescente Leah enfrenta dificuldades de relacionamento com a mãe devido à recente morte do pai. A contragosto, e sem a consultar, a mãe força Leah a se mudar com a mãe para uma casa isolada na floresta, a duas horas de onde residem atualmente. Depois de uma ríspida discussão, a garota, que já era interessada em ocultismo, resolve invocar uma entidade do mal, conhecida como Pyewacket, para que a mãe morra.
Pyewacket: Entidade Maligna parece ter a intenção de avisar que é melhor não brincar com o ocultismo. Por isso, caracteriza Leah como parte de uma turma que cultua o ocultismo, lendo livros, vestindo roupas pretas, usando maquiagem gótica (presente mais na sua amiga Janice) e ouvindo black metal. Essas preferências podem ser perigosas, segundo o roteiro, e as consequências podem levar ao pânico de Janice. Além disso, mais grave ainda, a cometer atos criminosos sob a influência de uma entidade maligna.
Clima sinistro
À parte essa mensagem alarmista, Pyewacket: Entidade Maligna consegue criar um clima sinistro se apoiando nessa crença. Sim, afinal, se trata de um filme de terror e sua eficiência em provocar medo depende de convencer o público de que o sobrenatural existe.
Assim, busca essa persuasão ao mostrar a aparição do Pyewacket no quarto de Leah, enquanto ela dorme, exclusivamente ao público. A personagem não a percebe, porque está dormindo, portanto, não pode ser imaginação dela. Então, o espectador entende que o mal está ali realmente e essa crença ele levará até a conclusão do filme.
Não cabe, assim, interpretar o final surpreendente como se tudo fosse criação da mente confusa de Leah. Definitivamente, o ato que ela comete representa que ela agiu influenciada pela entidade. Aliás, como havia alertado para ela o guru do ocultismo que ela segue.
Direção de Adam MacDonald
O diretor Adam MacDonald consegue driblar o baixo orçamento ao evitar efeitos especiais rebuscados. Nessa cena da primeira visita do Pyewacket, esse ser possui a forma de uma sombra negra, um borrão com formas humanas, bem simples de criar via computação gráfica. Já as aparições mais assustadoras ocupam apenas duas breves cenas. Primeiro, uma da entidade abrindo a porta do quarto de Leah e outra, de longe, dela saindo da casa e começando a perseguir a garota. Essa escolha funciona bem, pois são inserções rápidas que evitam a percepção de eventuais precariedades nas suas composições.
Há também uma tentativa de se espelhar o efeito de vídeo caseiro de A Bruxa de Blair, quando Leah e Janice entram no bosque à noite. Mas aí tem-se a impressão de forçada de barra, porque não tem ninguém filmando as moças. Se, por um lado, é aceitável que a câmera seja trêmula, pois esse já é um recurso comum, não se pode dizer o mesmo do uso de um celular se não há justificativa dentro da cena para isso.
O elenco é bem fraco, até mesmo as duas atrizes principais, Nicole Muñoz e Laurie Holden, nos papeis de Leah e sua mãe. E, como o roteiro contém algumas cenas dramáticas por conta do relacionamento conflituoso entre elas, e esses trechos demandam interpretações fortes, o filme fica um pouco prejudicado com suas atuações.
Mas, mesmo assim, Pyewacket: Entidade Maligna consegue manter seu clima sombrio e passar sua mensagem. Certamente agradará os fãs do cinema de terror sobrenatural.
Ficha técnica:
Pyewacket: Entidade Maligna (Pyewacket, 2017) Canadá. 90 min. Dir/Rot: Adam MacDonald. Elenco: Laurie Holden, Nicole Muñoz, Chloe Rose, Missy Peregrym, Neil Whitely, Victoria Sanchez, James McGowan, Bianca Melchior, Romeo Carere, Eric Osborne.
Trailer:
Assista: entrevista com Adam MacDonald e Nicole Muñoz