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Quando a Mulher sobe as Escadas (filme)
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Quando a Mulher Sobe a Escada

Avaliação:
8/10

8/10

Crítica | Ficha técnica

“Quando a Mulher Sobe a Escada”: drama urbano retrata a falta de oportunidades para as mulheres

“Quando a Mulher Sobe a Escada” é um drama do diretor japonês Mikio Naruse que mostra o período determinante da vida de Keiko Yashiro (Hideko Takamine). Perto dos 30 anos, ela precisa definir qual destino seguirá. Ela poderá continuar trabalhando como hostess em um bar, seguir seu sonho de abrir um bar próprio ou optar por uma vida confortável casando-se novamente, apesar de ter prometido ao seu finado marido que nunca mais teria um homem. Ela descarta a possibilidade de trabalhar em um escritório, pois nesse tipo de serviço as mulheres são muito mal remuneradas, ao contrário do que acontece com seu emprego atual.

Analisando as opções

A escada do título leva ao bar onde trabalha em Tóquio, e ela sobe por elas reclamando de sua situação. Porém, algumas experiências ajudam a definir usa opção de vida. Afinal, ela recebe a proposta de casamento de um homem que não é atraente, mas que aparenta ser uma boa pessoa. Logo ela descobrirá que ele é um mulherengo mentiroso e a estava enganando.

Eventualmente, Keiko vê o sucesso do bar de uma ex-colega que montou negócio próprio. Entretanto, essa empreendedora comete suicídio acidental em desespero por se encontrar endividada. E ainda vê um cliente cobrar sua dívida em pleno velório. E é justamente esse senhor que tentará seduzi-la para que deixe seu celibato.

Para piorar, sua família vive às suas custas. E seu irmão ainda lhe pede mais dinheiro para uma operação que poderá curar o filho dele dos efeitos de uma poliomielite. Ela pode ainda se casar com um colega do bar, mas sabe que ele não tem dinheiro e viveriam pobres.

Diante dessas duras opções, no final do filme ela se conformará com uma das escolhas que tomará. Assim, o filme retrata duramente a falta de perspectivas para as mulheres no Japão urbano daquela época.

O estilo clássico de Naruse

Essa aspereza do tema ganha paralelo nos enquadramentos estáticos do diretor Mikio Naruse. De um lado, por refletir a falta de mobilidade para a vida da protagonista, que possui opções diversas (vários enquadramentos), mas nenhuma que lhe permitirá mover-se atrás do sonho de uma vida melhor (a câmera não se movimenta). A sucessão de tomadas fixas também restringe a realidade de Keiko.

Além disso, Naruse utiliza a narrativa na voz da protagonista desde as primeiras cenas. E filma os personagens de frente, geralmente em médio close up. Dessa forma, convoca o espectador a se identificar com seus dramas. No final, quando o público já está fisgado pela dura estória de Keiko, ele utiliza de forma dramática um close up extremo, para enfatizar o momento em que ela decide o que fará de sua vida.

“Quando a Mulher sobe a Escada” se insere na última fase da carreira do genial diretor Mikio Naruse. Agora, ele se aproxima dos clássicos estadunidenses, já distante do seu estilo mais arrojado dos seus primeiros filmes. Principalmente da fase muda, época em que era influenciado pelo expressionismo alemão e pelos vanguardistas europeus. Rodado em scope, Naruse alterna enquadramentos típicos desse formato, aproveitando as laterais das telas, com outros convencionais, enfatizando o centro do quadro.

É, sem dúvida, mais uma grande obra de Naruse, realizada ao lado da atriz mais habitual de sua filmografia, a talentosa Hideko Takamine.


 
Ficha técnica:

Quando a Mulher Sobe a Escada (Onna ga kaidan wo agaru toki, 1960) Dir: Mikio Naruse. Com Hideko Takamine, Tatsuya Nakadai, Masayuki Mori, Reiko Dan, Daisuke Katô, Ganjirô Nakamura, Eitarô Ozawa, Keiko Awaji, Chieko Nakakita, Jun Tatara.

Assista: 10 things you should know about Mikio Naruse

Leia também: crítica de “Tormento”

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