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Quo Vadis, Aida? (filme)
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Quo Vadis, Aida?

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

O tenso filme Quo Vadis, Aida? leva ao espectador o desespero dos bastidores do evento que resultou no massacre de 8.372 bósnios muçulmanos em julho de 1995 em Srebrenica na Bósnia.

Exércico Bósnio da Sérvia em Srebenica

E o filme já começa nervoso, mostrando a negociação entre o prefeito da pequena cidade de Srebenica e o líder do posto regional das Nações Unidas. Definitivamente, o prefeito não acredita no ultimato dado pelas Nações Unidas ao Exército Bósnio da Sérvia, que ameaça invadir o município. Dessa forma, no meio deles, conhecemos a personagem principal, Aida, cidadã local que trabalha como intérprete para as Nações Unidas.  

Logo, os receios do prefeito se provam justificados. De fato, o Exército Bósnio da Sérvia invade Srebenica brutalmente, matando várias pessoas, entre eles o próprio prefeito. E a ameaça de retaliação com ataques aéreos contida no ultimato das Nações Unidas nunca se concretiza. Então, os milhares de habitantes da cidade buscam refúgio no posto local das Nações Unidas, que possui garantia de imunidade jurisdicional. Porém, a sede comporta apenas uma centena deles. Diante dessa situação, Aida desesperadamente tenta conseguir que seu marido e seus dois filhos entrem na base. Por fim, só consegue isso ao oferecer o marido como voluntário para a reunião de negociação com os invasores.

Ponto de vista

Em sua maior parte, Quo Vadis, Aida? (cuja tradução é: “Para onde vai, Aida?”) mantém o ponto de vista de Aida, exceto em alguns poucos momentos, quando o filme acompanha o seu marido. Num deles, ele presencia a negociação direta entre os líderes das Nações Unidas e do Exército Bósnio da Sérvia. Com isso, descobre como o General Ratko Mladić consegue impor a evacuação das famílias muçulmanas que buscam refúgio na sede das Nações Unidas. Por trás de suas falsas promessas, ele está conduzindo os homens a uma execução em massa.

Além disso, como resultado do recorte escolhido pela diretora e roteirista Jasmila Zbanic, a tensão presente desde os primeiros momentos do filme segue crescente. E aumenta quando soldados invasores entram na sede das Nações Unidas para certificar que não há nenhum bósnio muçulmano armado lá dentro. Habilmente, o espectador é levado a temer pela vida dos filhos de Aida, quando são interrogados pelos sérvios. Em seguida, a tensão cresce na desesperada tentativa dela de esconder sua família e evitar que ela seja levada para o genocídio.

Assim, no outro momento em que o filme assume o ponto de vista do marido, acompanhamos em silêncio o inevitável destino dele e dos filhos. Por opção, o filme evita a selvageria da chacina. Nesse sentido, logo depois de as metralhadoras serem apontadas para as vítimas, há um corte que leva a cena para fora do ginásio onde o crime acontece.

O absurdo da guerra

Dessa forma, Quo Vadis, Aida? critica a inabilidade das Nações Unidas de evitar o massacre. Adicionalmente, evidencia o absurdo dessa selvageria. Afinal, entre os soldados sérvios, estão pessoas da comunidade local. Por exemplo, um ex-aluno de Aida, que a cumprimenta respeitosamente, enquanto desconhece o destino dos ônibus que conduzem os bósnios ao genocídio. E isso está enfatizado também pelas crianças brincando do lado de fora do ginásio onde acontecem as execuções. No mesmo sentido, a última cena mostra Aida retomando sua profissão de professora na cidade, ciente de que entre seus alunos estão os filhos de membros do exército que assassinou sua família. Até mesmo os do próprio General Mladić.

Por fim, ao individualizar esse evento trágico massivo em uma personagem dentro do núcleo das ações, Quo Vadis, Aida? consegue manter o espectador tenso durante todo o filme. E sem deixar de fora a provocação crítica sobre o que aconteceu.    


Quo Vadis, Aida? (filme)
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