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Raça (filme)
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Raça

Avaliação:
6/10

6/10

Crítica | Ficha técnica

“Raça”: Esporte e política nas Olimpíadas de Jesse Owens

O título original, “Race”, contém muito do que o filme aborda, pois significa corrida e também raça. Esses elementos marcaram a participação do atleta negro Jesse Owens nas Olimpíadas de 1936 em Berlim, quando o nazismo imperava com força.

A história começa quando Jesse Owens (Stephan James) parte da casa da sua humilde família rumo à Universidade de Ohio. Deixa para trás sua namorada e a pequena filha deles, com a promessa de retornar e se casarem. Evidências do racismo surgem no ônibus dessa viagem, quando ele e seus colegas negros se sentam no banco de trás, ouvindo comentários insultantes dos outros passageiros.

No vestiário da universidade, mais racismo. Os atletas brancos demandam que ele tome banho por último, depois que os demais terminarem. Mas o histórico esportivo de Owens se destaca para o treinador Larry Snyder (Jason Sudeikis), que necessita melhorar os resultados da escola nas competições, E, por isso, o seleciona. Durante o treinamento, Snyder aprimora as técnicas e a cabeça do seu novo atleta; Logo, ele começa a se destacar nas competições nacionais, batendo vários recordes nas corridas e saltos a distância.

Política

Em paralelo, “Raça” aborda a questão política envolvendo a realização das Olimpíadas na Alemanha nazista. Os Estados Unidos levantaram a dúvida se participariam da competição. No comitê olímpico americano, Jeremiah Mahoney (William Hurt) quer o boicote. Mas Avery Brundage (Jeremy Irons) defende a participação. Brundage se encontra com Joseph Goebbels (Barnaby Metschurat), Ministro da Propaganda alemão e exige que os atletas judeus e negros da delegação americana sejam tratados como iguais. Caso contrário, não combaterá o boicote. Goebbels sabe que a ausência dos EUA teria péssimas consequências para a imagem do Nazismo, assim, é forçado a aceitar. Além disso, para garantir o apoio de Brundage, contratam os serviços dele como arquiteto para a construção de um consulado alemão em Washington.

A política também afeta Jesse Owens. A Associação de Negros Americanos o pressiona a não participar das Olimpíadas, para simbolizar o repúdio ao racismo dos nazistas. Essa dúvida cresce dentro dele, que chegou a declarar que boicotaria a competição. Mas o momento da grande decisão é desperdiçado no filme, pois Owens acaba optando, meio que relutantemente, por participar durante uma conversa íntima com Ruth (Shanice Banton), a antiga namorada que agora já se tornou esposa.

Na competição em Berlim, Jesse Owens arrebentou. Conquistou quatro medalhas e bateu recordes olímpicos. Seu sucesso fez Adolf Hitler se retirar do estádio, para não presenciar a derrota de seus atletas arianos.

A direção de Stephen Hopkins

O veterano diretor Stephen Hopkins fez filmes importantes na década de 1990, como “A Sombra e a Escuridão” (The Ghost and the Darkness, 1996) e “Perdidos no Espaço: o Filme” (Lost in Space, 1998), Porém, ultimamente, se concentra em séries de tv, como “House of Lies” e “Californication”. Em “Raça”, no geral, seu trabalho é bem feito, mas básico. Como destaque, tenta inovar nos títulos que mostram o local e data de algumas sequências, colocando-os integrados à paisagem.

O momento mais criativo é aquele em que Jesse Owens recebe a recomendação de seu treinador para bloquear o que os outros falam e se concentrar em sua corrida. Nela, o diretor usa o som e uma colagem de quadros que aprofundam o close da câmera no atleta para criar o efeito dessa instrução. Por outro lado, mantém clichês como na transmissão ao vivo dos Jogos Olímpicos, alternando a competição, a família ouvindo a transmissão no rádio, e o escritório de Larry Snyder ansioso.

O roteiro foi feliz ao inserir as tramas políticas que envolveram a participação dos EUA nessa Olimpíada. Mas poderia ter se aprofundado na questão ética do personagem de Jeremy Irons. Ademais, os personagens alemães “bonzinhos”, o atleta concorrente Carl ‘Luz” Long (David Kross) e a diretora do documentário Leni Riefenstahl (Carice van Houten) parecem estereotipados.

Contudo, como registro de um momento histórico, “Raça” com certeza merece ser assistido.


Onde assistir:
Raça (filme)
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