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Rápida e Mortal (filme)
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Rápida e Mortal

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

Rápida e Mortal (The Quick and The Dead) é o primeiro, e único até agora, faroeste do diretor Sam Raimi. Seu sétimo longa-metragem interrompeu a exclusividade do diretor dentro do gênero terror e suspense, após a bem-sucedida trilogia Uma Noite Alucinante, iniciada em 1981. Essa abertura o levaria a outro patamar, o das grandes produções, como a trilogia do Homem-Aranha com Tobey Maguire e o recente Doutor Estranho no Multiverso da Loucura (2022).   

O faroeste de Sam Raimi transita entre a reverência maneirista ao spaguetti western e o seu estilismo próprio, evidenciado desde o primeiro The Evil Dead (1981). Mas, apresenta, também, alguns elementos originais na trama, entre elas, o protagonismo feminino num gênero até então machista – lembrando que o filme é de 1995.

Estilizado

O maneirismo aqui exagera no uso do zoom, recurso muito utilizado pelos cineastas italianos. Tanto o zoom in quanto o zoom out surgem em Rápida e Mortal de maneira acentuada, assim como os closes em plano e contraplano, cada vez mais próximos, quase em tom cômico. A trama também se deixa influenciar pelo spaguetti western, em especial o clássico Era Uma Vez no Oeste (1968), de Sergio Leone. Isso porque flashbacks recorrentes (em tom acinzentando), aos poucos revelam o que motiva a vingança que a protagonista Ellen (Sharon Stone) busca avidamente. E a descoberta fica muito próxima do que o personagem de Charles Bronson vivenciou em sua infância, no filme de Leone.

Quanto ao estilismo, Sam Raimi demonstra maturidade no uso os recursos modernosos. Desta vez, não há mais o efeito montanha-russa da trilogia Uma Noite Alucinante, quando a câmera trazia tantas acrobacias em sequência que deixavam o espectador tonto. Essa tendência se evidenciava claramente em Arizona Nunca Mais (1987), de Joel e Ethan Coen, cineastas que cresceram na carreira junto com Raimi. Em Rápida e Mortal, um bom exemplo de uso devido desse estilismo está em pensar no impacto de uma cena forte nas cenas seguintes. Assim, num duelo, a câmera, postada atrás da cabeça de um dos pistoleiros, revela o atirador através do buraco do tiro que esse homem leva na cabeça. Tal imagem chocante serve como preparação para uma cena posterior, quando vemos mais sutilmente, através de sua sombra no chão, que um pistoleiro foi alvejado no peito.

Protagonismo feminino

Em termos de violência, Rápida e Mortal não deve nada aos mais selvagens faroestes. Mas, choca menos porque sempre traz um tom de fantasia em sua história. Para começar, a personagem feminina da pistoleira seria impossível naquela época. Essa concepção estava até à frente de seu tempo (da produção), pois hoje esse protagonismo feminino já existe em qualquer gênero de cinema. Além disso, a empoderada Ellen não cai em nenhum estereótipo. Sem perder a sua sensibilidade, ela não é uma justiceira como tantos outros que já vimos em outros faroestes. Ellen se preparou para sacar tão rápida quanto qualquer oponente, mas ela reluta em tirar a vida de outra pessoa. Com isso, é uma heroína humanizada, diferente dos taciturnos matadores homens que eram os heróis dos faroestes.

O contexto da narrativa permite que o filme tenha vários personagens. Afinal, se trata de um torneio de duelos entre pistoleiros, um mata-a-mata literal até a final. Alguns dos participantes são caricatos (por exemplo, o índio, o ex-convicto, o assassino de aluguel etc.), mas os principais possuem a necessária profundidade. Na verdade, a armadilha desse tipo de narrativa, o de campeonatos, é que a necessidade de seguir o desenrolar do jogo torna tudo esquemático. Sam Raimi ajuda a acelerar o ritmo através de montagens ágeis dos confrontos entre personagens secundários. Há até um duelo improvável entre pai (Gene Hackman, que faz o capitalista que explora os moradores da cidade) e seu filho (Leonardo DiCaprio). Mas, o desfecho acaba mesmo decepcionando, vítima da arapuca dessa narrativa.

Contudo, o final não estraga o prazer de acompanhar essa história filmada com raro talento, num equilíbrio entre a criatividade e o funcional. Em outras palavras, Sam Raimi soube dosar seu estilismo em prol da narrativa.

Elenco

E, além disso, contou com um elenco fenomenal. Sharon Stone já era estrela consagrada; assim como Gene Hackman, que aqui quase repete o vilão asqueroso de Os Imperdoáveis (1992), o faroeste obra-prima de Clint Eastwood. O filme conta, ainda, com um Leonardo DiCaprio ainda jovem, com 19 anos, em seu quinto filme. Russell Crowe ainda caminhava para o estrelato, e, por outro lado, Woody Strode, o veterano ator de vários faroestes de John Ford (como Audazes e Malditos), se despedia das telas em seu último filme, pouco antes de sua morte.


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